O texto de Azanha sobre a Cultura
escolar brasileira parte do fato de que a obviedade das dificuldades de ensino
mais atrapalham do que colaboram com a resolução do problema, pois essa
obviedade acaba gerando uma estereotipia superficial de tais dificuldades.
Segundo o autor a crise educacional é
fruto de uma crise política, cujo foco ao longo de décadas foi contribuir com
as camadas dominantes da sociedade, relegando a formação e a aquisição de
conhecimento às camadas inferiores e menos abastadas da sociedade, ou seja,
nesse período o a educação brasileira atendeu a interesses individuais e não
coletivos.
No entanto, quando a escola abriu as
portas para a participação da comunidade, visando que os interesses da escola
fossem discutidos em colegiado, a escola também permitiu que assuntos técnicos,
cujo conhecimento é dominado por especialistas da área, fossem elaborados por
leigos no assunto, gerando novas dificuldades.
Para entender essa relação entre escola
e comunidade o autor retoma autores que discutiram a transição da formação do
lar para a escola, mostrando como esse período também foi dominado por uma
certa complexidade, até que a escola encontra-se seu lugar que é o de realizar a mediação entre o lar
(espaço privado) e o mundo (espaço público), isto é, a escola não pode agir
como a casa de seus alunos, mas também não compete a ela desempenhar o papel de
mundo, ou seja, lugar onde os discentes alcançarão todos os seus desejos e
resolverão todas as suas angústias.
O autor usa esse tema para mostrar como
a crise na escola foi banalização nos últimos anos, principalmente por nossa
análise banal dessa crise. Quer dizer, na visão do autor tenta-se resolver o
problema da escola através de medidas paliativas, sem um estudo aprofundado
sobre os resultados que tais medidas poderiam agregar de positivas para o campo
educacional.
Mais adiante no texto o autor discute o quão
abstrata é a avaliação escolar pautado simplesmente na quantidade de objetivos
propostos que foram atingidos pelo professor, pois na visão do autor a avaliação
escolar deve se pautar nas relações sociais construídas a partir do processo
institucional da educação.
Para Azanha a análise do processo
educacional não pode ser feito mediante apenas uma descrição dos seus elementos
constituintes, mas na relação existente entre esses elementos e a prática
social que os produziu.
A partir dessas referências ao texto de
Azanha, percebemos que a visão do autor é de crítica à forma como a escola é
avaliada e até mesmo classificada pela sociedade, pois para o autor tal visão é
pautada numa análise tecnicista, cujos resultados são identificados a partir da
quantificação, considerando positivo apenas aquilo que foi estabelecido no
início do trabalho, ou seja, qual a porcentagem de conteúdo o professor
ministrou, quantos alunos foram reprovados, qual o conteúdo que o aluno tem
mais dificuldade de assimilar.
Para Azanha, a análise da escola deve
ocorrer de maneira qualitativa, centrada na prática empregada para a escola para
que seus objetivos sejam alcançados, ou seja, nesse caso faz-se também
necessário conhecer o contexto em que essa escola está inserida para saber se a
prática adotada é a melhor forma de construir o conhecimento naquele dado
universo. De acordo com o autor a verdadeira avaliação escolar só pode ser
realizada se os estudiosos tentarem interpretar os aspectos culturais daquele
ambiente e como a cultura é empregada na formação dos seus discentes.
Concluindo, a partir da leitura do texto
percebemos que compreender a crise da educação passa pelo caminho da
compreensão do universo onde essa crise se instala e não apenas em transformar
em números os sucessos e os insucessos técnicos da unidade escolar.
Rogerio do Amaral
Keith Braga
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.