A
leitura do texto “Cultura Escolar brasileira – Um programa de pesquisa” de José
Mário Pires Azanha, levou-me a algumas reflexões que desejo
compartilhar.
A
crise na educação brasileira conduziu à exigência das discussões das questões
educacionais em assembleias. Não desconsiderando o valor da aproximação família
e escola, precisamos considerar que esse processo, realizado sem maiores
análises, contribuiu para a ideia que a situação pedagógica não requer
qualificação profissional, colaborando para a instalação do quadro de
desvalorização da formação do professor.
Há
que se considerar que o simples aproximar instituições interessadas na educação da criança, não possibilita à
compreensão e não nos fundamenta a intervir na crise escolar. Não se pode desconsiderar
essa aproximação. No entanto, acreditar que ela nos leva às respostas à crise
escolar, pode contribuir para a banalização dessa crise.
Reconhecer
a existência de uma crise escolar, implica em nos conduzir a revisão de nossas
ideias, inclusive no sentido de responder o que é a escola e para que serva
essa escola.
Conhecer
o que é a escola remete-nos à compreensão do que é fundamental, como nos aponta
Paul Veyene, aupd Azanha (1990 – 1991), isto é, o jogo das complexas relações
sociais que ocorrem na instituição escola.
Para
compreender a escola precisamos adentrar na cultura própria a qual se
desenvolve toda sua história. Isso é possível por meio de investigações que
possibilitem conhecer as manifestações culturais que ocorrem no ambiente
escolar e se traduzem em determinada práticas. Significa fazer o mapeamento
cultural da escola, como defende Azanha (1990 – 1991).
Uma
área de pesquisa que contribui para o conhecimento cultural da escola e
conhecer sua função em face da diversidade cultural dos alunos. Tomando como
referência os estudos de Bordieu, citado por Azanha (1990 – 1991), que sinaliza
que a sociologia e a educação não dão a devida atenção à função de integração
cultural da escola, é necessário refletir sobre a cultura que a escola
transmite e a função que expressa em transformar o legado coletivo em legado
individual e comum, como aponta Azanha (1990 – 1990).
Sobre
isso, Charlot (apud Garcia 2005) chama a atenção para o coletivo e a singularidade,
bem como para o sentido que a escola possui para crianças e adolescente em sua
diversidade cultural e social. Para o autor, embora a embora o indivíduo se
construa no social, ele se constrói como sujeito por meio de uma história.
Porém, não é a simples tradução dessa história, mas essa irá influenciá-lo
conforme o sentido que possui para ela. O sujeito só aprende o que nele
desperta ecos, ou seja, o que possui sentido para ele.
Sobre
esse assunto, recomendo a leitura da dissertação de Cláudia Garcia (2005), disponível
em http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/17716/000723729.pdf?sequence=1
Embora o trabalho seja datado de 2005, ele nos remete à reflexão da função
social da escola para alunos da periferia de uma grande cidade. Para análise, a
autora recorre a Charlot e outros estudiosos, a fim de interpretar o sentido da
escola e a necessidade de mobilização para o saber e não apenas da motivação do
aluno, a fim de se construir um relação com o saber, conferindo sentido ao ensino
escolar.
Sandra Reis
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