Neste segundo
momento de postagem, escolhi refletir um
pouco acerca da questão da experiência, que embora pareça ser objeto de fácil
compreensão não se configura desta forma. Assim como observamos sobre a
pedagogia tradicional e o construtivismo, onde no cotidiano escolar, na prática
educativa são conceituados, entendidos e utilizados, por grande parte dos
educadores, sem um rigor reflexivo que permita distinguir seus “efeitos” quando
propostos aos alunos.
O
construtivismo em contraponto a uma pedagogia bancária (fragmentada, que
se perpetua nos bancos escolares), tem sido utilizado, também, de uma forma
errônea. A “exigência” que se impôs ao professor de ser construtivista
obrigou-o a ser tradicional revestido de uma capa construtivista. Com isso, por
não saber ao certo como atuar, por não ter assimilado que o construtivismo
parte de uma concepção de que o mundo
não está pronto e acabado, de que a
criança interage com o meio e
integra seu próprio processo de aprendizagem não como expectadora e sim como um
indivíduo que passa a ter consciência das coisas que circulam ao seu redor e no
mundo. O mundo (cultural, econômico, político, etc.) influência as pessoas, mas
as pessoas influenciam-no também. Assim deve ser pensada a criança na escola e
o professor configura-se como parte, também, de todo este processo. A
trajetória educacional demonstra que grandes equívocos aconteceram e acontecem
acerca desta teoria, fato que necessita ser superado, ou melhor, analisado e
refletido em busca de ressignificações. A Educação deve ser um processo de
construção de conhecimento ao qual se complementam alunos, professores e
sociedade.
A chamada
experiência também tem seus reflexos nesta trajetória educacional, de qual
experiência referimo-nos? Dewey
chama-nos a atenção de que é necessário conceber a educação como uma
reconstrução contínua da experiência. Ela é viva, é repleta de significados.
Desta forma, ao propor uma educação pautada na experiência, não basta que o
professor questione o aluno sobre seu cotidiano, o que eles já sabem, que os
alunos falem de sua família, traga objetos, que o professor ande pelo bairro,
saia no jardim de sua escola (uma atividade prática), que apenas observe o
comportamento do aluno. Não basta uma postura questionadora no sentido de saber
o que os alunos já sabem para depois passar a “transmitir” o que eles não
sabem.
Assim, com as
leituras dos textos, com as discussões que surgem nas disciplinas passamos a
observar a escola sob novos ângulos, sob novas perspectivas que nos auxiliam a
perceber o quanto, muitas práticas do cotidiano escolar, estão revestidas de
experiências que perpetuam no aluno uma postura passiva, uma vida impensada
perante o mundo. Uma pedagogia tradicional que é levada adiante, sem que muitos
professores tenham consciência disso. O professor, então, também tem dúvida de quais experiências
permitirão o aluno dar sentido ao mundo, nele agir e interagir, ressignificar,
encontrar soluções, inserir-se na cultura e produzir cultura.
Desta forma,
conseguimos observar situações escolares que colocam o professor numa dinâmica
complexa e muito árdua, pois não saber distinguir situações entre o
tradicional, entre uma experiência significativa, daquela que é forjada e
irrefletida, entre aquilo que se espera, por exemplo, numa perspectiva
construtivista. Coloca-nos a necessidade de olhar para outras vertentes que
aqui não caberia expor, pois há influência histórica, há questões referentes à
formação inicial e continuada de professores, questões de políticas públicas,
situações que se colocam neste cenário e que são objeto de estudos e estão
colocadas para serem ressignificadas.
A partir das
aulas sobre a semiótica percebemos uma dificuldade para associarmos os
conceitos da disciplina nas práticas educativas, mas aos poucos também observamos
que estamos, a todo momento, passando por situações de processos de
significação. A experiência neste contexto, diz sobre o constante movimento
entre a primeiridade, secundidade e terceiridade, na constante criação de
signos. E que, a partir da construção de um signo, passo a partir dele,
construir outros signos que me colocam em constante movimento. Assim a
experiência é viva, em constante interação com o outro e com o meio, não é
estática. Deve permitir ao aluno a ter sua consciência cognitiva, crítica e
autocrítica em que ele está envolvido diretamente neste processo onde se tem
várias relações interpretantes. Cabe aqui trazer uma ideia de Dewey em que a “experiência é uma ação em potencial
reflexivamente praticada e gerida pelo sujeito da ação”. Então, cabe a nós
refletirmos se as “aulas práticas”, se a educação a partir das “experiências”
propostas aos alunos são capazes de incluí-los neste processo de constante
significação, interação e ressignificação da realidade. Que os leve a pensar,
formular suas hipóteses, encontrar soluções e agregá-las ao que já conhecem e
partir para a construção de um novo conhecimento, num constante movimento de
significações.
São essas as
considerações que faço neste segundo momento de postagem, estou aberta a discussões.
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