Semiótica:
primeiras impressões
Vera Luísa de Sousa
A palavra
‘semiótica’ já compunha meu vocabulário, mas para quem me conhece e me
acompanha na disciplina já pôde perceber que o conceito ‘semiótica’ me escapa.
Tenho sido provocada pelo professor Mauro Betti, pelos textos que indicou e
pelas discussões ocorridas nas aulas. É uma provocação bastante saudável que me
impele a tentar compreender aquilo que é ainda muito novo para mim. No primeiro
encontro o professor mencionou que há três perspectivas para se compreender o
humano: a antropológica, que o concebe enredado pela cultura numa trama que ora
o liberta, ora o aprisiona; a fenomenológica, que concebe o sujeito humano no mundo estabelecendo uma relação
original e sofisticada com o conhecimento; e, a semiótica, uma perspectiva
cosmológica que afirma que tudo o que existe é capaz de produzir significação.
É a partir desta distinção que venho tateando na direção de compreender a semiótica
entendendo-a, muito modestamente neste momento, como o estudo dos signos, sua
produção e comunicação.
Na tentativa de
me aproximar da compreensão da semiótica elaborei a seguinte formulação: o
mundo é a matriz geradora de todos os signos. Para conhecê-los partimos dos
estímulos sensoriais que estão à nossa disposição, esses estímulos geram relações
interpretantes que, permeadas pela experiência, criam entre os signos relações
comunicativas desencadeando um processo de aquisição de conceitos e de
modificação de condutas, que também pode ser chamado de aprendizagem. Assim,
conhecer numa perspectiva semiótica pressupõe a formulação de um pensamento
lógico baseado na tríade: OBJETO-RELAÇÃO INTERPRETANTE-SIGNO. Ou talvez a ordem
seja outra, que no momento não consigo traduzir, mas penso que a aprendizagem
ou a modificação de condutas suponha sempre uma relação entre três elementos:
objeto, mente/sujeito e a dinâmica do signo.
Encerro citando
Peirce (1972,p.73-74), com a promessa feita a mim mesma de construir o
raciocínio lógico com a ajuda de suas reflexões:
O objetivo do raciocinar é
descobrir, a partir da consideração do que já sabemos, algo que não sabemos. Em
consequência, o raciocínio será procedente se for levado a efeito de tal forma
que nos conduza de premissas verdadeiras à conclusão verdadeira, afastadas
outras possibilidades. Assim, o problema da validade é puramente fatual e não
intelectual. Indicando por A os fatos enunciados nas premissas e por B o que se
concluiu, o problema consiste em saber se os fatos estão efetivamente
relacionados de forma tal que, ocorrendo A, geralmente ocorrerá B. Se assim se
der, será válida a inferência; caso contrário, não. Está inteiramente fora de
causa o problema de saber se, aceitando as premissas, o espírito sente
inclinação por também aceitar a conclusão. É certo que, em geral, raciocinamos
corretamente por força da própria natureza. Isso é, porém, acidental; a
conclusão verdadeira continuaria a ser verdadeira, ainda que não nos
sentíssemos inclinados a aceitá-la; e a conclusão falsa permaneceria falsa,
ainda que não pudéssemos resistir à tendência de nela acreditar.
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