A
situação que nosso meio ambiente se encontra atualmente é de crise: mudanças
climáticas, estrutura social, economia, disponibilidade de recursos naturais
para a sobrevivência do ser humano, guerras, disputas por território,
desigualdades. Atrelado a esses fatores, não podemos esquecer de uma questão
que se faz presente nesse cenário: o papel do ser humano diante do meio
ambiente.
É necessária uma
reflexão sobre os problemas ambientais presentes na sociedade. Somente o
conhecimento da existência desses problemas não proporciona modificações no
meio ambiente.
Neste contexto, a Educação Ambiental
hoje possui a missão de despertar nos indivíduos a sensibilidade e criticidade
diante dos problemas ambientais que estão cada vez mais próximos de nossa
realidade. De acordo com Carvalho (2008, p.84) “[...] não é possível conceber
uma Educação comprometida com a continuidade da vida humana desacompanhada de
sua dimensão ambiental [...]”.
Conectando os estudos realizados na
disciplina “Entre os saberes docentes e os aprenderes discentes: Questões
Teóricas e Metodológicas” e as primeiras ideias a respeito da importância do
meio ambiente e da Educação Ambiental no cotidiano dos indivíduos, entendemos a
realidade a partir de um processo de ressignificação, ou seja, visualizar os
problemas e atentar para as particularidades que cada um deles contempla. Nesse
sentido, olharmos para os problemas ambientais e investigarmos suas
particularidades, origens e fragilidades nos apresenta atualmente uma nova
vertente de discussão, conforme os apontamentos de Peirce.
Na perspectiva peirceana, não se
deve descartar nada de um determinado fenômeno. Quanto mais condições o ser
humano possui em compreender, mais ele aprende e amplia o conhecimento para
situações futuras.
O que se percebe nos dias atuais é que o ser humano
possui dificuldades em compreender as particularidades dos problemas
ambientais, devido a ação antrópica[1]
que ele possui frente ao meio ambiente, o que impossibilita a reflexão e
possível modificação dos problemas na sociedade. É papel da escola reverter
esse quadro, já que indivíduos mais preparados e conscientes de seu papel no
meio ambiente podem contribuir para uma sociedade mais preocupada e sensibilizada
aos problemas ambientais.
Peirce nos chama a atenção também para a compreensão dos
fenômenos da realidade por meio da semiótica em 3 pontos: primeiridade,
secundidade e terceiridade. O primeiro aspecto nos leva a percepção do
fenômeno, ver (no sentido estético); o segundo ponto nos possibilita “pensar
sobre, estar no fenômeno” e por fim, a terceiridade proporciona generalizações
sobre o fenômeno.
Estabelecendo conexão com a Educação Ambiental, o ser
humano hoje possui a necessidade de preservar o meio ambiente, de visualizar um
ambiente limpo, belo, bonito e sempre associar isso aos aspectos de preservação
(que seria a primeiridade de Peirce). Porém, a
conscientização e a sensibilização, que podem ser relacionados a
secundidade e terceiridade de Peirce possuem dificuldades em acontecer, já que
implicam em questionamento, crise, conflitos, e aquisição de novos hábitos
diante dos problemas existentes. Práticas como reciclagem, reaproveitamento de
materiais, diminuição no consumo de materiais, resíduos sólidos e recursos
naturais ( por ex: água, ar, solos) fazem parte desse contexto.
Os problemas ambientais existem e fazem parte de nosso
cotidiano. Refletir sobre eles, o porquê existem, suas causas e conseqüências é
algo essencial para mudarmos essa situação. Por fim, novos hábitos e novas
condutas é o que a Educação Ambiental espera com a sua efetivação no contexto
escolar e na vida dos indivíduos, já que o meio ambiente está em nós e nós
estamos nesse meio. A reflexão e a ação são os melhores caminhos para um meio
ambiente melhor.
Natália Teixeira
Ananias Freitas
Doutorado em
Educação
Referências Bibliográficas
CARVALHO, V. S.
de. A educação ambiental nos PCNs: o meio ambiente como tema transversal. In:
MACHADO, C.et.al. Educação ambiental
consciente. Rio de Janeiro: WAK Editora, 2008. p.83-102.
DIAS, G.F. Educação Ambiental: princípios e
práticas. São Paulo: Editora Gaia, 2000,551p.
REBOUÇAS,
A.C.(org.). Águas doces no Brasil:
capital ecológico, uso e conservação. 2.ed. rev. São Paulo: Escrituras, 2002,
703p.
[1]
O termo “ação antrópica” refere-se a ação do homem na natureza, conforme os
estudos de Rebouças (2002) e Dias (2000)
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