Olá, pessoal,
Logo no início da
disciplina, quando começamos a ler e estudar a Semiótica de Peirce, passei a refletir
sobre a pesquisa que realizei no mestrado – também utilizei semiótica, mas a
proposta por Greimas (Semiótica Discursiva).
Durante o mestrado, que fiz
em Educação Especial, pesquisei o discurso veiculado por professores da sala de
recursos em seus blogs pessoais, confrontando a forma como entendiam a Política
Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva com o
trabalho desenvolvido na escola. Os dez textos escolhidos foram analisados a
partir do nível discursivo da semiótica greimasiana, que compreende atores (do
texto), tempo (em que se passa a narrativa), espaço, figuras (elementos
concretos depreendidos do texto) e temas (elementos abstratos, que permeiam
todo o texto e são depreendidos a partir das figuras).
No grupo em que participava,
ninguém tinha conhecimentos sobre a semiótica greimasiana e, quando fazia as
apresentações, mostrava a página original do blog, de onde o texto havia sido
retirado. A maioria dos colegas questionava quanto aos critérios de escolha do
texto, como ser de autoria do professor, não tendo trechos de outros textos, e
apenas um ou dois textos por blog.
Os questionamentos versavam
em porque eu estava descartando outros textos produzidos pelo mesmo professor e
desprezava as imagens. Como utilizei a semiótica greimasiana, que é de cunho
estruturalista, detinha-me apenas ao texto, ao discurso veiculado, tecendo relações
com a legislação vigente – o “máximo” que ia além do texto em si, para análise,
eram os comentários.
Depois das leituras sobre a
semiótica de Peirce, vejo que se a mesma pesquisa (práticas dos professores em
blogs) fosse realizada considerando a semiótica de Peirce, os resultados
poderiam ser mais abrangentes e aprofundados.
Considerando o pragmatismo
de Peirce, a análise poderia ser feita tendo em vista a questão da mudança de
conduta, por exemplo – como a referida Política poderia influenciar na conduta
do professor da sala de recurso?
Além disso, há também a
questão da experiência, que na semiótica de Peirce não é o tempo com que o
professor trabalha, mas sim o resultado de um processo; processo este consciente,
que gera mudanças – de conduta, uma experiência transformadora, significativa,
em ação.
Outro aspecto que poderia
ser estudado é questionar se o que preconiza a Política pode ser aplicado a
todas as situações. Um dos resultados da pesquisa realizada foi que os
professores analisam e adaptam os materiais à realidade em que trabalham e com
o estudante que frequenta a sala de recursos. Esse aspecto parece vir ao
encontro da semiótica de Peirce – como discutido em sala, sob o viés de Peirce,
há a necessidade de ver e atentar para. Como a professora Eliana pontuou em sua
aula, cada fenômeno é único e singular.
Como esse professor, nessa
perspectiva, pode mudar de conduta, em seu pensar e agir, considerando a
legislação, sem desrespeitá-la, mas refletindo e transformando a educação?
Considerando o que foi
estudado sobre Peirce e alguns dos aspectos apontados, talvez os resultados
pudessem ser não diferentes, mas mais aprofundados. Vale ressaltar que as duas ‘semióticas’
são bem diferentes, sendo a perspectiva de Peirce muito mais abrangente. Porém,
quis trazer quais elementos poderiam ter sido explorados, sem desmerecer a
semiótica francesa.
Gabriela Rios
Gabriela Rios
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.