Há muito tempo, o processo ensino-aprendizagem
faz uso da linguagem oral, o que possibilita ao professor ensinar e o aluno
aprender. Aos poucos, novas tecnologias, como por exemplo os ambientes virtuais
de aprendizagem (AVA) estão sendo inseridos, onde o professor deixa de ser
aquele que "expõe a verdade" e o aluno deixa de ser aquele que
"aprende a verdade". Neste contexto, o professor assume o novo papel,
o de mediador do conhecimento, com a responsabilidade de despertar no aluno a
motivação necessária para seu crescimento pessoal e intelectual. Convém
considerar que, de acordo com a teoria da aprendizagem contextualizada, o aluno
aprende a partir do momento em que é capaz de interpretar informações que façam
sentido a ele, de acordo com suas experiências e memórias, bem como quando o novo
conteúdo relaciona-se com aqueles já existentes, relevantes, claros e disponíveis
em sua estrutura cognitiva tornando-se significativos.
Para tanto, o professor faz uso dos signos midiáticos
(como por exemplo, áudio, vídeo, apresentações, imagens, entre outros),
ferramentas capazes de auxilia-lo como mediador, sem se esquecer da afirmação
de Vygotsky quanto ao desenvolvimento cognitivo que é mediado por ferramentas,
criadas ou modificadas pelo indivíduo para interagir e compreender o mundo
real.
Se para Peirce todo signo é triádico, isso implica
dizer que todo signo pode ser analisado em si mesmo, nas suas propriedades,
naquilo que ele indica ou representa, bem como nos efeitos que é capaz de
produzir no interpretante, então, pode-se também dizer que os AVA não só
ampliam o potencial das citadas ferramentas no processo de ensinar e aprender,
mas também permitem atribuir novos significados aos signos já conhecidos, mas
que não são oriundos dos tradicionais ambientes educacionais (áudio e vídeo,
por exemplo). Assim, pode-se perceber que a evolução acelerada das Tecnologias
da informação e comunicação (TIC) vem possibilitando novas aplicações aos
recursos midiáticos (signos) com impacto positivo nos AVA, ressaltando a
afirmação de Santaella (2002) a respeito do signo, como sendo qualquer coisa,
de qualquer espécie que representa outra coisa (objeto) e que produz efeito
interpretativo para alguém (interpretante).
Em um AVA, os signos devem ter um impacto no aluno
(receptor; interpretante), de tal forma a produzir condições de aprendizagem, o
que implica dizer que o signo passa a compor o AVA a partir de seus objetivos
de significação que se pretende para cada curso ou disciplina. De qualquer
maneira, isso sugere que tanto o professor quanto o aluno devem romper com a
forma de pensar e agir do ensino tradicional, assumindo uma nova postura, como
aquele que constrói o seu conhecimento e como aquele que faz a mediação deste processo
ensino-aprendizagem. No AVA, o professor não pode "ver" a reação do
aluno no momento em que este lê um artigo ou assiste a um vídeo, mas pode obter
um retorno (interpretação do interpretante) por meio de algum mecanismo (como o
chat ou fórum de discussão), o que permite aos alunos tornarem-se capazes de
expor suas opiniões a respeito das significações livremente, cada um ao seu
tempo. O novo significado produzido por cada signo em cada interpretante (cada aluno
enxerga de forma diferente o significado no mesmo signo midiático), por sua
vez, irá gerar um novo signo, viabilizando a internalização da informação e a
transformação para algo realmente significativo.
Trata-se, portanto, de um ambiente que
possibilita a aprendizagem colaborativa onde o aluno tem a responsabilidade
pelo próprio aprendizado e colabora com a aprendizagem dos demais participantes
do grupo, pois, o conhecimento é construído (também) a partir das reflexões
originadas pelas discussões em conjunto, possibilitando ao professor induzir o
interesse e ao pensamento crítico.
Referência
SANTAELLA, L. Semiótica aplicada. São Paulo: Pioneira Thomson, 2002.
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