Na aula do dia 11 de abril
tivemos a oportunidade de conhecer Eliane Gomes da Silva e se apropriar um
pouco do conhecimento produzido por ela, pesquisa resultante em tese de
Doutorado. Nosso primeiro contato foi por meio da leitura do capítulo 2 de sua
tese que trata da Construção Metodológica, de sua tese “Movimento e Educação
Infantil: uma pesquisa-ação na perspectiva semiótica”.
Registro neste espaço, a
relevância do estudo dela para possibilitar compreender os processos da ação da
pesquisa sob a Semiótica de Peirce levando-nos à significação da mesma e à
visualização de como uma pesquisa sob esta perspectiva foi consolidada.
Por meio desta leitura a autora
nos apresenta, primeiramente, a necessidade de pensar e suspender crenças,
paradigmas e concepções a respeito de mundo para procedermos num processo
investigativo com o olhar despido de juízos e pré-conceitos para
possibilitarmos relações interpretantes com inúmeros fenômenos e assim,
construirmos uma metodologia coerente com as necessidades do espaço educativo.
O contexto da pesquisa da autora
se deu no espaço pedagógico da Educação Infantil e a respeito disto comenta a
importância de renunciar à posição adulto centrada nas relações estabelecidas
com crianças, renunciar ao posto tido como superior do acadêmico investigativo
em detrimento de outras esferas ou sujeitos investigativos e investigadores, e
exercitar a capacidade de ouvir, compreender e incluir outros pontos de vistas
nas relações comunicativas. Ressalta atenção e prontidão como atitudes exigidas
na tarefa de investigar.
Procurou embasamento teórico em
Sarmento e Pinto (1997) acerca da reflexividade investigativa para assumir
compromisso ético da conduta autocrítica, considerando o outro como alteridade.
Ela entende que essa atitude de estar atenta aos olhares que nunca são neutros,
exigindo abandono do olhar adultocêntrico deve estar presente na ação
pedagógica do professor bem como na pesquisa.
Neste sentido, seguindo vertentes
da pesquisa-ação de Elliot (2000) e Stenhouse (1993,1998), buscou aproximação
com as professoras para com elas experimentarem atividades que fizessem sentido para as
crianças no momento mesmo de seu
desenvolvimento e não reproduções de experiências sugeridas. Assim
possibilitaria o aperfeiçoamento do ensino mas, não foi isenta de obstáculos
como a falta de interesse de professores em fazer parte deste processo
colaborativo. A proposta foi feita a cinco professores e, ao final do processo,
apenas uma se viu verdadeiramente afetada, havendo mudança de conduta.
Em relação à atuação do professor
como investigador para aperfeiçoamento da sua prática acrescentou que a base
para a formação do professor enquanto investigador é a auto-observação. Atenta
a isso se equipou com aparato para gravação de filmagens durante as atividades
interventivas propostas junto às crianças. As gravações eram vistas e
analisadas pela pesquisadora e professoras que se configuraram como sujeitos de
pesquisa. Este processo possibilitou a tomada de consciência da prática das
professoras, utilizando-se a si próprias como instrumento de investigação e
avaliação dos processos de ensino e aprendizagem proporcionando o
aperfeiçoamento do trabalho.
Acreditando na postulação de
Peirce (1990) de que a investigação científica é condição de todas as
inteligências capazes de aprender através da experiência, Eliane Gomes da Silva
fez uso do método abdutivo-indutivo proposto por este mesmo autor para elucidar
o olhar dela como pesquisadora no desenvolvimento de toda a pesquisa e análise.
O que a levou a estar aberta a representações e significações no campo e fora
dele, refletindo com profundidade, indo além de enxergar uma simples imagem ou
fala.
Estas interações amplificadas qualificaram
o seu trabalho, rompendo paradigmas, velhas crenças e vencendo a “força do
hábito”. Portanto, o olhar do pesquisador através da Semiótica de Peirce
auxilia no desenvolvimento de uma percepção aprofundada da ação de pesquisa.
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