Olá amigos.
Minha publicação com
relação à semiótica de Peirce será baseada em um vídeo muito interessante
disponível no Youtube (no link: http://www.youtube.com/watch?v=mFm7LWeYKtY)
sobre uma palestra on line realizada pelo “Projeto Biblioteca Digital
Multimídia” – “Série Pensadores” da PUC de Minas. Achei interessante transcrever
trechos da parte I dessa palestra virtual para o conhecimento de vocês. No final
da publicação segue o link da palestra e para quem quiser saber mais é só
clicar nos links sugeridos que aparecerão as demais partes.
O palestrante é o
professor Júlio Pinto que é PHD em semiótica pela Universidade da Carolina do
Norte (EUA); Pós Doutor em Comunicação Social pela Universidade Católica
Portuguesa de Lisboa; Professor de Semiótica da PUC Minas; Autor de vários
artigos e capítulos de livros publicados no Brasil e no exterior; Autor de
vários livros publicados em inglês e no Brasil; Autor das obras: “1, 2, 3 da
Semiótica” e “Algumas Semióticas”.
Pinto inicia sua fala
explanando um pouco sobre Peirce. Peirce nasceu em 1839 e faleceu em 1914 nos
EUA. Iniciou sua densa produção com menos de vinte anos de idade e publicou
durante a sua vida cerca de doze mil páginas (24 volumes de 500 páginas).
Deixou cerca de oitenta mil páginas manuscritas que não foram publicadas (mais
de 80 volumes). Sua obra completa totalizaria cerca de 104 volumes sobre
lógica, filosofia da ciência, filosofia da linguagem, semiótica e pragmática ou
“pragmaticismo” (termo usado por Peirce para diferenciar da pragmática associada
a Dewey e James) com viés ligado à ideia de linguagem. A tudo isso pode-se dar
o nome de “Semiótica”.
Além dessas obras, ele
também escreveu sobre astronomia e matemática. Isso quer dizer que muito ainda
há para se descobrir sobre esse pensador americano. Segundo Pinto, essas
estatísticas nos dizem que todo e qualquer tipo de comentário acerca da obra de
Peirce é então parcial e passível de críticas na Filosofia e na Semiótica.
A explanação dessa palestra
se concentra na semiótica relacionada à filosofia da linguagem. A semiótica é a
visão que Peirce tem de uma Lógica. Muitas pessoas a chamam de ciência,
doutrina, teoria ou ponto de vista. Pinto prefere pensar que a Semiótica não é
nenhum desses itens mencionados anteriormente, mas sim uma forma de se olhar o
mundo e é dessa forma que o professor trabalha nessa palestra virtual.
O centro de toda essa
teorização é o nome genérico que se pode dar à “representação”. As representações, que também podem ser
chamadas de signos, são coisas que estariam
no lugar de outras coisas, e por estarem “no lugar de” não quer dizer
simplesmente uma substituição ou tapar o lugar em que ela está, mas qualquer
coisa que esteja “no lugar de” significa qualquer coisa que represente, que
faça referencia a alguma coisa, que manifeste algo, que faça parecer qualquer
coisa, que me faça pensar em alguma coisa, que me faça sentir qualquer outra coisa
sempre em algum aspecto, pois nada está em lugar de nada em todos os seus
aspectos. Como, por exemplo, um pedaço de giz que está no lugar do professor,
mas apenas em um aspecto: o uso dele no quadro. Geralmente um pedaço de giz é
apenas uma representação do professor naquele contexto em que se faz referencia
a, assim como um embaixador é um símbolo do país dele, e assim por diante.
Se, para mim, uma nuvem
me faz lembrar chuva então ela faz referencia à chuva e ela está no lugar da
chuva que virá, mas que ainda não veio – pode ser que aconteça. Se pudermos
pensar bem, veremos que o signo é a matéria da linguagem e nossa linguagem é
toda composta de coisas que estão no lugar das outras coisas. Se eu estou
falando, estou usando uma série de palavras que são só sons de coisas que
aparecem escritas e essas coisas estão no lugar de outras ideias, portanto,
estou compondo com outras representações aquilo que estou me permitindo
conversar que é exatamente essa linguagem composta por representações abstratas
(coisas que estão no lugar de outras coisas). É confuso, mas é assim.
O que seria uma
linguagem? A linguagem é um sistema de signos – portanto um conjunto de signos,
que se destina ao estabelecimento de certas conexões, de vínculos com base na
troca de informações sobre o mundo. Quando falamos de signo, isso não se
restringe às palavras. Quando falamos “qualquer signo” é realmente “qualquer
signo”: pode ser imagens, sons, palavras, gestos, posturas, objetos, um cheiro,
um sabor.