A RELAÇÃO
COM O SABER DE BERNARD CHARLOT E O DEFICIENTE INTELECTUAL
Marilene Bortolotti Boraschi
O
processo de inclusão de pessoas em determinado âmbito social, em especial na
escola, envolve o oferecimento de condições físicas, pedagógicas e sociais para
que a criança, o jovem ou o adulto aprenda e possa exercer seu papel como
cidadão, tendo direito a uma Educação de qualidade, com oportunidades de
aprendizagens que possam humanizá-lo.
De acordo
com Charlot, quando o homem nasce, penetra na condição humana, entra em uma
história singular a qual está submetida à outra história maior, que é a da humanidade.
E com isso, entrará em um conjunto de relações e interações com outros homens
onde será necessário exercer uma atividade. “Por isso mesmo, nascer significa
ver-se submetido à obrigação de aprender”. (Charlot, 2000, p.53)
Atualmente,
há um grande número de deficientes, em especial, os deficientes intelectuais
nas salas de aula regular. Conforme experiências como docente, essas pessoas,
aparentemente, têm dificuldades no processo de aprendizagem, contribuindo,
muitas vezes, para que terminem o Ensino Fundamental sem, até mesmo, estarem
alfabetizadas.
De acordo com o Decreto de nº 3.298, de 20 de
dezembro de 1999 (BRASIL, 1999), a deficiência mental é um
[...] funcionamento intelectual
significativamente inferior à média, com manifestação antes dos dezoito anos e
limitações associadas a duas ou mais áreas de habilidades adaptativas, tais
como: (a) comunicação, (b) cuidado pessoal, (c) habilidades sociais, (d)
utilização dos recursos da comunidade, (e) saúde e segurança, (f) habilidades
acadêmicas, (g) lazer e (h) trabalho.
Sendo
assim, o deficiente intelectual possui um funcionamento intelectual abaixo da
média e não nulo como muitos pensam. É capaz de aprender e as limitações
associadas às habilidades adaptativas não significam que essa pessoa seja
limitada para realizar ações, como trabalhar, ler ou estudar. E Charlot (2000)
diz que “todo ser humano aprende: se não aprendesse, não se tornaria humano”.
É necessário, portanto, que a
criança com deficiência intelectual tenha sua inteligência motivada e
exercitada constantemente para que haja evolução no seu desenvolvimento e ela
se aproprie do currículo escolar, levando em conta toda sua história e as relações
que estabelece consigo mesmo e com os outros, pois “a relação com o saber é
relação de um sujeito com o mundo, com ele mesmo e com os outros”. (Charlot,
2000, p.78)
Referências
BRASIL. Decreto
nº 3.298. Brasília: 20 de dezembro de 1999.
CHARLOT, Bernard. Da relação com o saber: elementos para uma teoria. Porto Alegre: Artmed,
2000.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.