terça-feira, 15 de julho de 2014

Educação Ambiental e Semiótica: Primeiros Diálogos

        A situação que nosso meio ambiente se encontra atualmente é de crise: mudanças climáticas, estrutura social, economia, disponibilidade de recursos naturais para a sobrevivência do ser humano, guerras, disputas por território, desigualdades. Atrelado a esses fatores, não podemos esquecer de uma questão que se faz presente nesse cenário: o papel do ser humano diante do meio ambiente.
 É necessária uma reflexão sobre os problemas ambientais presentes na sociedade. Somente o conhecimento da existência desses problemas não proporciona modificações no meio ambiente.
         Neste contexto, a Educação Ambiental hoje possui a missão de despertar nos indivíduos a sensibilidade e criticidade diante dos problemas ambientais que estão cada vez mais próximos de nossa realidade. De acordo com Carvalho (2008, p.84) “[...] não é possível conceber uma Educação comprometida com a continuidade da vida humana desacompanhada de sua dimensão ambiental [...]”.
          Conectando os estudos realizados na disciplina “Entre os saberes docentes e os aprenderes discentes: Questões Teóricas e Metodológicas” e as primeiras ideias a respeito da importância do meio ambiente e da Educação Ambiental no cotidiano dos indivíduos, entendemos a realidade a partir de um processo de ressignificação, ou seja, visualizar os problemas e atentar para as particularidades que cada um deles contempla. Nesse sentido, olharmos para os problemas ambientais e investigarmos suas particularidades, origens e fragilidades nos apresenta atualmente uma nova vertente de discussão, conforme os apontamentos de Peirce.
         Na perspectiva peirceana, não se deve descartar nada de um determinado fenômeno. Quanto mais condições o ser humano possui em compreender, mais ele aprende e amplia o conhecimento para situações futuras.
        O que se percebe nos dias atuais é que o ser humano possui dificuldades em compreender as particularidades dos problemas ambientais, devido a ação antrópica[1] que ele possui frente ao meio ambiente, o que impossibilita a reflexão e possível modificação dos problemas na sociedade. É papel da escola reverter esse quadro, já que indivíduos mais preparados e conscientes de seu papel no meio ambiente podem contribuir para uma sociedade mais preocupada e sensibilizada aos problemas ambientais.
Peirce nos chama a atenção também para a compreensão dos fenômenos da realidade por meio da semiótica em 3 pontos: primeiridade, secundidade e terceiridade. O primeiro aspecto nos leva a percepção do fenômeno, ver (no sentido estético); o segundo ponto nos possibilita “pensar sobre, estar no fenômeno” e por fim, a terceiridade proporciona generalizações sobre o fenômeno.
Estabelecendo conexão com a Educação Ambiental, o ser humano hoje possui a necessidade de preservar o meio ambiente, de visualizar um ambiente limpo, belo, bonito e sempre associar isso aos aspectos de preservação (que seria a primeiridade de Peirce). Porém, a  conscientização e a sensibilização, que podem ser relacionados a secundidade e terceiridade de Peirce possuem dificuldades em acontecer, já que implicam em questionamento, crise, conflitos, e aquisição de novos hábitos diante dos problemas existentes. Práticas como reciclagem, reaproveitamento de materiais, diminuição no consumo de materiais, resíduos sólidos e recursos naturais ( por ex: água, ar, solos) fazem parte desse contexto.
Os problemas ambientais existem e fazem parte de nosso cotidiano. Refletir sobre eles, o porquê existem, suas causas e conseqüências é algo essencial para mudarmos essa situação. Por fim, novos hábitos e novas condutas é o que a Educação Ambiental espera com a sua efetivação no contexto escolar e na vida dos indivíduos, já que o meio ambiente está em nós e nós estamos nesse meio. A reflexão e a ação são os melhores caminhos para um meio ambiente melhor.

Natália Teixeira Ananias Freitas
Doutorado em Educação



Referências Bibliográficas

CARVALHO, V. S. de. A educação ambiental nos PCNs: o meio ambiente como tema transversal. In: MACHADO, C.et.al. Educação ambiental consciente. Rio de Janeiro: WAK Editora, 2008. p.83-102.

DIAS, G.F. Educação Ambiental: princípios e práticas. São Paulo: Editora Gaia, 2000,551p.

REBOUÇAS, A.C.(org.). Águas doces no Brasil: capital ecológico, uso e conservação. 2.ed. rev. São Paulo: Escrituras, 2002, 703p. 



[1] O termo “ação antrópica” refere-se a ação do homem na natureza, conforme os estudos de Rebouças (2002) e Dias (2000) 

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