domingo, 6 de julho de 2014




Olá, pessoal,


Logo no início da disciplina, quando começamos a ler e estudar a Semiótica de Peirce, passei a refletir sobre a pesquisa que realizei no mestrado – também utilizei semiótica, mas a proposta por Greimas (Semiótica Discursiva).

Durante o mestrado, que fiz em Educação Especial, pesquisei o discurso veiculado por professores da sala de recursos em seus blogs pessoais, confrontando a forma como entendiam a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva com o trabalho desenvolvido na escola. Os dez textos escolhidos foram analisados a partir do nível discursivo da semiótica greimasiana, que compreende atores (do texto), tempo (em que se passa a narrativa), espaço, figuras (elementos concretos depreendidos do texto) e temas (elementos abstratos, que permeiam todo o texto e são depreendidos a partir das figuras).

No grupo em que participava, ninguém tinha conhecimentos sobre a semiótica greimasiana e, quando fazia as apresentações, mostrava a página original do blog, de onde o texto havia sido retirado. A maioria dos colegas questionava quanto aos critérios de escolha do texto, como ser de autoria do professor, não tendo trechos de outros textos, e apenas um ou dois textos por blog.

Os questionamentos versavam em porque eu estava descartando outros textos produzidos pelo mesmo professor e desprezava as imagens. Como utilizei a semiótica greimasiana, que é de cunho estruturalista, detinha-me apenas ao texto, ao discurso veiculado, tecendo relações com a legislação vigente – o “máximo” que ia além do texto em si, para análise, eram os comentários.

Depois das leituras sobre a semiótica de Peirce, vejo que se a mesma pesquisa (práticas dos professores em blogs) fosse realizada considerando a semiótica de Peirce, os resultados poderiam ser mais abrangentes e aprofundados.

Considerando o pragmatismo de Peirce, a análise poderia ser feita tendo em vista a questão da mudança de conduta, por exemplo – como a referida Política poderia influenciar na conduta do professor da sala de recurso?

Além disso, há também a questão da experiência, que na semiótica de Peirce não é o tempo com que o professor trabalha, mas sim o resultado de um processo; processo este consciente, que gera mudanças – de conduta, uma experiência transformadora, significativa, em ação.

Outro aspecto que poderia ser estudado é questionar se o que preconiza a Política pode ser aplicado a todas as situações. Um dos resultados da pesquisa realizada foi que os professores analisam e adaptam os materiais à realidade em que trabalham e com o estudante que frequenta a sala de recursos. Esse aspecto parece vir ao encontro da semiótica de Peirce – como discutido em sala, sob o viés de Peirce, há a necessidade de ver e atentar para. Como a professora Eliana pontuou em sua aula, cada fenômeno é único e singular.

Como esse professor, nessa perspectiva, pode mudar de conduta, em seu pensar e agir, considerando a legislação, sem desrespeitá-la, mas refletindo e transformando a educação?

Considerando o que foi estudado sobre Peirce e alguns dos aspectos apontados, talvez os resultados pudessem ser não diferentes, mas mais aprofundados. Vale ressaltar que as duas ‘semióticas’ são bem diferentes, sendo a perspectiva de Peirce muito mais abrangente. Porém, quis trazer quais elementos poderiam ter sido explorados, sem desmerecer a semiótica francesa. 

Gabriela Rios

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