A
pesquisa-ação em educação
A
fim de colaborar com o entendimento da proposta da pesquisa-ação compartilho um
estudo desenvolvido por Molina (2007) que objetivou fazer um mapeamento da
produção da pesquisa-ação em educação no Brasil no período de 1966 a 2002,
partindo da análise dos bancos de dados de teses e dissertações dos PPGE
reconhecidos pela CAPES em nosso país. Para não me estender, focarei em
aspectos conceituais apresentados pelo autor, bem como na importância da
pesquisa-ação no ambiente escolar, a ser realizada com professores.
De
acordo com o autor, a pesquisa-ação estimula a aproximação entre o pesquisador
e o(s) sujeito(s) pesquisado(s), por meio da colaboração em processos
investigativos desenvolvidos COM, PARA e PELOS indivíduos.
A
título de exemplo, na área do trabalho infantil, autores como Alves-Mazzotti
(2002), Liebel (2003), Martinez (2001), Sarmento (2005) e Woodhead (2004),
buscam desenvolver suas pesquisas a partir dessa relação entre pesquisador e
pesquisado, a fim de se obter aspectos da subjetividade do participante, mais
condizentes com seu ponto de vista acerca do fenômeno em estudo.
Para
Molina (2007), a pesquisa-ação realizada no interior das escolas, com os
professores, pode desenvolver mudanças significativas no seu processo ensino-aprendizagem,
partindo de uma concepção de que os professores produzem teorizações no seu
contexto diário que os auxilia a superar a visão de apenas técnico, executor
daquilo que outros decidem. Para ele, o professor estaria em situação
privilegiada para participar de pesquisas, porque é ele que sente e conhece os
problemas da escola.
A
pesquisa-ação valoriza a imersão consciente no contexto observado, tanto pelo
pesquisador como pelo sujeito participante, contribuindo para uma mudança na
prática e atuação deste e para a observação e coleta de dados significativos
para aquele, que talvez não pudessem ser obtidos com outros instrumentos e
técnicas. Nas pesquisas sobre o trabalho infantil esta proposta auxilia o
pesquisador a entender a subjetividade do sujeito trabalhador para além de
discursos generalizantes negativos ou definições que implicam na dignidade do
trabalho: é possível verificar os fatores que implicam para concepções
negativas e/ou positivas suscitadas pelos participantes.
Tal
proposta de atuação da pesquisa-ação também aproxima a universidade da escola.
Contribui para que haja uma troca de experiências entre os saberes acadêmicos e
aqueles produzidos no chão da escola: ouvir os professores e produzir
conhecimentos a partir do ponto de vista dos próprios, estudando a realidade em
que se encontram e contribuindo para modifica-la com a transformação de
sujeitos autônomos e “criadores” do ambiente em que vivem.
Referências
ALVES-MAZZOTTI, A. J. Repensando algumas questões sobre o
trabalho infanto-juvenil. Revista Brasileira de Educação, n. 19, 2002, p.
87-98.
LIEBEL, M. Working children as social subjects:
the contribution of working children‘s organizations to social transformations.
Childhood, n.10, 2003, p. 265-285.
Martinez,
A.M. (2001). Trabajo infantil y subjetividad: uma perspectiva necesaria. In:
Estudos de Psicologia, 6 (02),
UFRN, Natal.
MOLINA, R. A pesquisa-ação/investigação-ação no Brasil: mapeamento da produção
(1966-2002) e os indicadores internos da pesquisa-ação colaborativa. São Paulo:
FEUSP, 2007, 177 p.
SARMENTO,
M. J.
Trabalho Infantil em Portugal: Controvérsias e
Realidades. In: VIEIRA, C. et al. Ensaios
sobre o Comportamento Humano. Coimbra: Almedina, p. 95-116, 2005.
STROPASOLAS, V. L. Trabalho Infantil no campo: do
problema social ao objeto sociológico. Revista
Latino-Americana de Estudos do Trabalho, ano 17, nº 27, 2012, p. 249-286.
WOODHEAD, M. Combating child labor – Listen to what
children say. Childhood, v.6, 1999, p.27-49.
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