A
formação dos professores, a partir da LDB 9394/96, passou a ocorrer no Ensino
Superior para a docência na primeira Etapa da Educação Básica, também foi
admitida como formação mínima, de nível médio, a modalidade normal. Mesmo em um
ambiente confuso de definição, o curso de Pedagogia tornou-se a principal fonte
de formação para atuação na Educação Infantil e nos anos iniciais do Ensino
Fundamental.
A
suspeita é que, entendida, como em tempos passados, mais como uma contemplação
da formação do professor dos primeiros anos do Ensino Fundamental, a formação
oferecida não considere devidamente as especificidades da educação das crianças
na pré-escola e nas creches. (GATTI; BARRETO, 2009, p. 258).
Como resultado das Novas Diretrizes
Curriculares para o Curso de Pedagogia, os cursos remanescentes foram
reorganizados com o objetivo de atender a legislação em vigor. Algumas
alterações ocorreram na prática, como a extinção das habilitações, a base de
formação na docência e ainda adequação para uma formação abrangente. Essa
legislação impõe ao Curso de Pedagogia uma distorção quanto ao entendimento de
docência e pedagogia.
Diante
do que foi elucidado, admiti-se que as decisões tomadas na área das políticas
públicas, como a Resolução CNE/CP 1/2006, podem colocar em risco a criação da
profissionalidade docente no que refere à Educação Infantil, uma vez que não
contribui para a formação dos profissionais dessa etapa.
Galdi da Silva (2011) investigou a formação inicial
para professores de educação infantil e indicou avanços, impactos e desafios
postos aos profissionais da Educação Infantil e às políticas públicas voltadas
para infância, bem como caracteriza limitações impostas aos Cursos de Pedagogia
pela Resolução CNE/CP 1/06, no que se refere ao aligeiramento e precariedade.
Nesse sentido defendemos uma proposta
de formação por imersão que poderia ocorrer nos estágios contemplando os
projetos dos Cursos de Pedagogia, numa parceria com as demais disciplinas e com
as instituições de educação infantil. Para isso, nos apoiamos em Azanha (1995)
que considera a educação como tema político e, ainda, por admitir que as
reformas ocorrem nas salas de aula. Dessa forma, precisamos considerar na
formação inicial e continuada os sujeitos envolvidos porque Azanha (1995, p.
76) nos alerta que “[...] a formação do professor e o seu próprio
aperfeiçoamento completam-se com o êxito que ele tenha na assimilação desse
saber difuso e historicamente sedimentado no ambiente escolar e que tem apenas
tênues relações com teorias pedagógicas”.
Como
decorrência dessa proposta, sugerimos a realização de projetos de formação e de
supervisão, cuja intencionalidade é uma formação integrada à futura prática
profissional. Trata-se de ação colaborativa entre a supervisão, as
universidades e as instituições de Educação Infantil para a realização de
formação dos profissionais de Educação Infantil, tanto a inicial quanto a
continuada.
Essa proposta, apesar de
aparentemente utópica, tem possibilidades de ocorrer na medida em que nos
relacionamos com o saber e atribuímos uma função social e de sentido com as
expectativas sobre a educação das crianças pequenas e as funções das
instituições de educação infantil e de seus profissionais.
A realização de um mapeamento
cultural da escola conforme proposto por Azanha (1995, p.74) poderia contribuir
com a implantação, cujo objetivo seria compreender a dinâmica da escola e entender
o que acontece no interior destas.
Freire (2000) afirma que não
docência sem discência e aponta que existem saberes indispensáveis a prática
docente, que devem ser discutidos e analisados na formação. Desse modo, cabe
aos formadores criarem possibilidades para construção de tais saberes, aguçando
a curiosidade epistemológica e utilizando da capacidade crítica.
Neste
sentido, a reflexão
é extremamente importante porque possibilitará a categorização e a análise destes
saberes como signos num pensamento tríadico, em busca de uma compreensão lógica
da educação infantil brasileira considerando suas nuances e com possibilidades
para romper com as crenças e hábitos existentes.
Essa proposta de formação que busca
articular a formação inicial e continuada com a participação de formadores
preocupados com a construção de saberes tanto dos professores em exercício quanto
dos futuros professores a partir da realização do mapeamento cultural da escola
para entender a dinâmica da escola e acenar com perspectivas para que a
educação infantil enfrente a crise atual.
Rosangela Aparecida Galdi da Silva
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