Olá pessoal tudo bem
com vocês? Fiquei pensando o que postaria no blog como minha segunda
participação, pois na primeira procurei compreender um pouco do que vimos sobre
a semiótica em uma perspectiva mais educacional e em específico para a Educação
Especial.
Foi então, que seguindo
um caminho lógico de compreensão e sentidos para mim, resolvi postar algumas
reflexões sobre Bernard Charlot, ainda na perspectiva antropológica do saber.
Por isso, escolhi um dos textos vistos em aula que foi o Cápitulo 4: O “filho
do homem”: Obrigado a aprender para ser (uma perspectiva antropológica) que
se divide em duas partes, sendo que na primeira reflete-se sobre a educação
como um longo processo de construção e reprodução de si próprio, e na segunda
de forma muito breve a questão da mobilização e do sentido para Charlot.
1. Nascer é estar submetido à
obrigação de aprender
Aqui a primeira ideia
que o Charlot traz é exatamente a mesma que o Paulo Freire também estabelece,
que é a ideia de que somos seres inacabados e por isso em constante aprendizado.
Nas palavras do texto, Charlot elucida: “o
essencial já está aí: o homem não é, deve tornar-se o que deve ser; para tal,
deve ser educado por aqueles que suprem sua fraqueza inicial e deve educar-se,
“tornar-se por si mesmo”. Ou seja, assim como, para Freire somos seres
inacabados e temos que ter a consciência do inacabamento.
Também traz a ideia de
que a essência humana não é uma abstração inerente ao indivíduo considerado à parte.
Em sua realidade, é o conjunto das relações sociais, ou seja, Charlot quer
dizer que a essência originária do indivíduo humano não está dentro dele mesmo,
mas, sim, fora, em uma posição excêntrica, no mundo das relações sociais e a
EDUCAÇÃO é essa apropriação, sempre parcial, de uma essência excêntrica (âmago
das relações sociais) do homem.
Nessa ideia, Charlot
trabalha a questão do APRENDER para construir-se, em um triplo processo de
“hominização” (tornar-se homem), de singularização (tornar-se um exemplo único
de homem), de socialização (tornar-se membro de uma comunidade, partilhando
seus valores e ocupando um lugar nela). Ele diz que uma pessoa ao nascer, nasce
submetido à obrigação de aprender que significa entrar em um conjunto de
relações e processos que constituem um sistema de sentido, onde se diz quem eu
sou, quem é o mundo, quem são os outros.
Assim, Charlot traz a
ideia da educação como um longo processo de construção e reconstrução que nunca
acaba. A educação é uma produção de si por si mesmo, mas essa autoprodução só é
possível pela mediação do outro e com sua ajuda. A educação é o processo
através do qual a criança inacabada se constrói enquanto ser humano, social e singular.
Acredito que o ponto
chave desse tópico é que a educação não é socialização de um ser que não fosse
já social: o mundo, e com ele a sociedade, já está sempre presente. “A educação é produção de si próprio”.
Essa produção assim
como chama Charlot funciona como um processo que se desenvolve no tempo e
implica atividades, mas para haver atividade a criança deve mobilizar-se e para
que isso ocorra deve existir um significado. Assim, Charlot esclarece três
conceitos: mobilização, atividade e sentido.
2. Mobilização, atividade, sentido:
definição de conceitos
Mobilização: Mobilizar
é por recursos em movimento. Mobilizar-se é reunir suas forças, para fazer uso de si próprio como recurso. Nesse
sentido a mobilização é ao mesmo tempo preliminar, relativamente à ação e seu
primeiro momento.
Atividade: Atividade é
um conjunto de ações propulsionadas por um móbil (razão de agir) e que visam a
uma meta.
Então, a criança
mobiliza-se, em uma atividade, quão investe nela, quando faz uso de si mesma
como de um recurso, quando é posta em movimento por móbeis que remetem a um
desejo, um sentido, um valor.
Sentido: “Significar é sempre
significar algo a respeito do mundo, para alguém ou com alguém”. Tem
“significação” o que tem SENTIDO, que diz algo do mundo e se pode trocar com
outros. Que será o sentido, estritamente dito? É sempre o sentido de um
enunciado, produzido pelas relações entre os signos que o constituem, signos
esses que têm um valor diferencial em um sistema.
Ou seja, o sentido é
produzido por estabelecimento de relação, dentro de um sistema, ou nas relações
com o mundo e com os outros.
Lembrando que para
Charlot esse sentido é um sentido para alguém, que é um sujeito.
Assim, Charlot utiliza
o autor Leontiev para esclarecer que o sentido de uma atividade é a relação
entre sua meta e seu móbil, entre o que incita a agir e o que orienta a ação,
como resultado imediatamente buscado.
Abraços a todos!
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