quinta-feira, 18 de outubro de 2012

A posição de Anísio Teixeira em relação ao pragmatismo de Dewey


Na aula de 28 de setembro os discentes Estefáni, Jéssica, Keith, Marcela e Rogério formaram o grupo 4A. Nosso grupo ficou responsável pela síntese de uma parte do texto “Três versões do pragmatismo deweyano no Brasil dos anos cinquenta”. Coube ao grupo sintetizar a apresentação do artigo e também o capítulo sobre a posição de Anísio Teixeira em relação ao pragmatismo de Dewey.
Na apresentação, tem-se a afirmação de que a democracia seria alcançada através da industrialização, propiciada pela tecnologia, resultado do trabalho de cientistas. Essa visão confirma outra que pregava a tecnologia como saída para os países atrasados, ou seja, empregando processos científicos eles se aproximariam dos países desenvolvidos.
Tal visão também chegou ao campo educacional, com o discurso de a escola seria melhor se empregasse recursos tecnológicos e contratasse professores com formação científica.
Essa visão denominada tecnicista afasta-se da compreensão de que a ciência não é capaz de responder sozinha aos problemas da educação e muito menos responder pela democracia. Portanto, tal paradigma gera uma crise ao não conseguir definir quais os meios que devem ser empregados na educação, dificultando a identificação do cerne do problema escolar. Falta clareza sobre qual  papel social a escola deve atuar.
Na contramão da visão tecnicista surge um movimento educacional renovador cujo pensamento continha questionamentos quanto ao caráter positivo do conhecimento científico e quanto aos processos sociais a serem implementados para alcançar a democracia. Esse movimento desenvolveu seu trabalho a partir das ideias de Dewey.
O artigo em questão foi produzido para discutir a apropriação e relocação que Anísio Teixeira, João Roberto Moreira e Luiz Alves de Mattos fizeram do pensamento deweyano na década de 50. Segundo o artigo Teixeira e Moreira confirmam o distanciamento entre o ideal renovador pautado na pragmática de Dewey e o tecnicismo. Enquanto isso, Mattos transposta o pensamento de Dewey para as práticas pedagógicas, isolado do contexto filosófico empregado por Teixeira e Moreira.
A ciência da educação de Teixeira propunha estabelecer a racionalidade de procedimentos como única forma de se chegar a resultados; pregava a necessidade de um planejamento pautado em dados quantificáveis; negava o improviso e a mera opinião como formas de alcançar metas estabelecidas.
Para Teixeira, a objetividade científica seria conduzida pelo sentimento profundo do caráter provisório do conhecimento, isto é, a ciência não oferecia receitas para solucionar nossos problemas.
O conceito de educação de Teixeira era pautado nos ideais democráticos, na capacidade humana para desenvolver uma vida associada, que todos partilhassem igualmente. Para o autor nenhuma sociedade se torna democrática espontaneamente, por isso, seria fundamental instituir um movimento educativo capaz de reverter os sistemas excludentes, autocráticos e até mesmo ditatoriais. Seria um movimento para instalar uma escola igual para todos, sem discriminação entre os alunos quanto a suas origens de classe.
Para Teixeira, a educação buscaria a definição de seus fins no âmbito da filosofia, enquanto a ciência seria um recurso a serviço da construção de processos escolares igualitários. Na visão de Teixeira, a ciência se tornaria um instrumento do possível e progressivo controle do homem sobre o universo.
Segundo Teixeira a educação individual, que afastou o homem de uma educação coletiva e política é que gerou o estado de ignorância diante dos problemas mundiais. Assim, Teixeira via a ciência como instrumento capaz de melhorar nossa compreensão da vida.
Essa busca por um pensamento reflexivo é o que aproxima a teoria de Dewey e por consequência o movimento renovador da educação à semiótica peirceana, pois a filosofia de Dewey parte de uma teoria da indagação ou da investigação. Nessa linha de raciocínio o conhecimento é gerado por intermédio do pensamento reflexivo, aquele que se desenvolve para livrar o indivíduo da dúvida.
Portanto, assim como a semiótica de Peirce, a lógica deweyana buscava indagar, pesquisar, encontrar sentido para a experiência individual e coletiva, por meio de mais conhecimento e saber.
Por fim, a visão de Teixeira propõe que a escola seja guiada por um ideal de respeito à liberdade individual e pela necessidade de situar o indivíduo numa ordem social construída de forma livre pelo próprio indivíduo.
Essa reflexão também contou com a colaboração dos grupos 3 e 4B. Abaixo reproduzimos as sínteses apresentadas pelos colegas desses grupos.
Grupo 3 – As ações tecnicistas que posicionaram a ciência como geradora da democracia, como processo automático necessário e teleologicamente orientado, prescindindo de qualquer esforço da consciência que não seja voltado para a implementar sistemas educacionais “fechados” (anos 70).
Fenômeno da recontextualização (Basil Bernstein ) – transmutação de ideias, conceitos e mesmo teorias para adequá-las às metas educacionais.
Três modos de apropriação e relocação do pensamento: (1) Teixeira e Moreira e (2) Mattos. Na 1ª ratifica-se o distanciamento que há entre o ideal de Dewey e a mentalidade tecnicista e no 2º Dewey e transposto par o terreno de técnicas pedagógicas.
Grupo 4B – Sob o enfoque tecnicista, a chamada crise dos paradigmas que afeta as ciências humanas, em geral, consiste no terreno escolar em falta de definição quanto aos meios a serem empregados para a consecução das finalidades da educação.
O ideário escola novista (década de 1920) ensejava iniciativas de aplicação dos recursos científicos na escola por meio de formas racionalizadas de controle do sistema de ensino e das práticas pedagógicas.
O movimento educacional renovador, ao término da segunda guerra, passou a absorver além de técnicas mais sofisticadas da psicologia, os melhores recursos das ciências sociais.
O clima de reconstrução do mundo tornava imperativo e urgente provocar mudanças na mentalidade das pessoas. 

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