sexta-feira, 16 de maio de 2014

Semiótica: primeiras impressões

Vera Luísa de Sousa
A palavra ‘semiótica’ já compunha meu vocabulário, mas para quem me conhece e me acompanha na disciplina já pôde perceber que o conceito ‘semiótica’ me escapa. Tenho sido provocada pelo professor Mauro Betti, pelos textos que indicou e pelas discussões ocorridas nas aulas. É uma provocação bastante saudável que me impele a tentar compreender aquilo que é ainda muito novo para mim. No primeiro encontro o professor mencionou que há três perspectivas para se compreender o humano: a antropológica, que o concebe enredado pela cultura numa trama que ora o liberta, ora o aprisiona; a fenomenológica, que concebe o sujeito humano no mundo estabelecendo uma relação original e sofisticada com o conhecimento; e, a semiótica, uma perspectiva cosmológica que afirma que tudo o que existe é capaz de produzir significação. É a partir desta distinção que venho tateando na direção de compreender a semiótica entendendo-a, muito modestamente neste momento, como o estudo dos signos, sua produção e comunicação.
Na tentativa de me aproximar da compreensão da semiótica elaborei a seguinte formulação: o mundo é a matriz geradora de todos os signos. Para conhecê-los partimos dos estímulos sensoriais que estão à nossa disposição, esses estímulos geram relações interpretantes que, permeadas pela experiência, criam entre os signos relações comunicativas desencadeando um processo de aquisição de conceitos e de modificação de condutas, que também pode ser chamado de aprendizagem. Assim, conhecer numa perspectiva semiótica pressupõe a formulação de um pensamento lógico baseado na tríade: OBJETO-RELAÇÃO INTERPRETANTE-SIGNO. Ou talvez a ordem seja outra, que no momento não consigo traduzir, mas penso que a aprendizagem ou a modificação de condutas suponha sempre uma relação entre três elementos: objeto, mente/sujeito e a dinâmica do signo.
Encerro citando Peirce (1972,p.73-74), com a promessa feita a mim mesma de construir o raciocínio lógico com a ajuda de suas reflexões:

O objetivo do raciocinar é descobrir, a partir da consideração do que já sabemos, algo que não sabemos. Em consequência, o raciocínio será procedente se for levado a efeito de tal forma que nos conduza de premissas verdadeiras à conclusão verdadeira, afastadas outras possibilidades. Assim, o problema da validade é puramente fatual e não intelectual. Indicando por A os fatos enunciados nas premissas e por B o que se concluiu, o problema consiste em saber se os fatos estão efetivamente relacionados de forma tal que, ocorrendo A, geralmente ocorrerá B. Se assim se der, será válida a inferência; caso contrário, não. Está inteiramente fora de causa o problema de saber se, aceitando as premissas, o espírito sente inclinação por também aceitar a conclusão. É certo que, em geral, raciocinamos corretamente por força da própria natureza. Isso é, porém, acidental; a conclusão verdadeira continuaria a ser verdadeira, ainda que não nos sentíssemos inclinados a aceitá-la; e a conclusão falsa permaneceria falsa, ainda que não pudéssemos resistir à tendência de nela acreditar.

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