terça-feira, 27 de novembro de 2012

A CRISE ESCOLAR BRASILEIRA NA VISÃO DE AZANHA


O texto de Azanha sobre a Cultura escolar brasileira parte do fato de que a obviedade das dificuldades de ensino mais atrapalham do que colaboram com a resolução do problema, pois essa obviedade acaba gerando uma estereotipia superficial de tais dificuldades.
Segundo o autor a crise educacional é fruto de uma crise política, cujo foco ao longo de décadas foi contribuir com as camadas dominantes da sociedade, relegando a formação e a aquisição de conhecimento às camadas inferiores e menos abastadas da sociedade, ou seja, nesse período o a educação brasileira atendeu a interesses individuais e não coletivos.
No entanto, quando a escola abriu as portas para a participação da comunidade, visando que os interesses da escola fossem discutidos em colegiado, a escola também permitiu que assuntos técnicos, cujo conhecimento é dominado por especialistas da área, fossem elaborados por leigos no assunto, gerando novas dificuldades.
Para entender essa relação entre escola e comunidade o autor retoma autores que discutiram a transição da formação do lar para a escola, mostrando como esse período também foi dominado por uma certa complexidade, até que a escola encontra-se seu lugar que  é o de realizar a mediação entre o lar (espaço privado) e o mundo (espaço público), isto é, a escola não pode agir como a casa de seus alunos, mas também não compete a ela desempenhar o papel de mundo, ou seja, lugar onde os discentes alcançarão todos os seus desejos e resolverão todas as suas angústias.
O autor usa esse tema para mostrar como a crise na escola foi banalização nos últimos anos, principalmente por nossa análise banal dessa crise. Quer dizer, na visão do autor tenta-se resolver o problema da escola através de medidas paliativas, sem um estudo aprofundado sobre os resultados que tais medidas poderiam agregar de positivas para o campo educacional.
Mais adiante no texto o autor discute o quão abstrata é a avaliação escolar pautado simplesmente na quantidade de objetivos propostos que foram atingidos pelo professor, pois na visão do autor a avaliação escolar deve se pautar nas relações sociais construídas a partir do processo institucional da educação.
Para Azanha a análise do processo educacional não pode ser feito mediante apenas uma descrição dos seus elementos constituintes, mas na relação existente entre esses elementos e a prática social que os produziu.
A partir dessas referências ao texto de Azanha, percebemos que a visão do autor é de crítica à forma como a escola é avaliada e até mesmo classificada pela sociedade, pois para o autor tal visão é pautada numa análise tecnicista, cujos resultados são identificados a partir da quantificação, considerando positivo apenas aquilo que foi estabelecido no início do trabalho, ou seja, qual a porcentagem de conteúdo o professor ministrou, quantos alunos foram reprovados, qual o conteúdo que o aluno tem mais dificuldade de assimilar.
Para Azanha, a análise da escola deve ocorrer de maneira qualitativa, centrada na prática empregada para a escola para que seus objetivos sejam alcançados, ou seja, nesse caso faz-se também necessário conhecer o contexto em que essa escola está inserida para saber se a prática adotada é a melhor forma de construir o conhecimento naquele dado universo. De acordo com o autor a verdadeira avaliação escolar só pode ser realizada se os estudiosos tentarem interpretar os aspectos culturais daquele ambiente e como a cultura é empregada na formação dos seus discentes.
Concluindo, a partir da leitura do texto percebemos que compreender a crise da educação passa pelo caminho da compreensão do universo onde essa crise se instala e não apenas em transformar em números os sucessos e os insucessos técnicos da unidade escolar.

Rogerio do Amaral
Keith Braga


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