quarta-feira, 28 de novembro de 2012

CULTURA ESCOLAR BRASILEIRA - UM PROGRAMA DE PESQUISA DE JOSÉ MÁRIO PIRES AZANHA

A leitura do texto “Cultura Escolar brasileira – Um programa de pesquisa” de José Mário Pires  Azanha,  levou-me a algumas reflexões que desejo compartilhar.

A crise na educação brasileira conduziu à exigência das discussões das questões educacionais em assembleias. Não desconsiderando o valor da aproximação família e escola, precisamos considerar que esse processo, realizado sem maiores análises, contribuiu para a ideia que a situação pedagógica não requer qualificação profissional, colaborando para a instalação do quadro de desvalorização da formação do professor.

Há que se considerar que o simples aproximar instituições interessadas  na educação da criança, não possibilita à compreensão e não nos fundamenta a intervir na crise escolar. Não se pode desconsiderar essa aproximação. No entanto, acreditar que ela nos leva às respostas à crise escolar, pode contribuir para a banalização dessa crise.

Reconhecer a existência de uma crise escolar, implica em nos conduzir a revisão de nossas ideias, inclusive no sentido de responder o que é a escola e para que serva essa escola.

Conhecer o que é a escola remete-nos à compreensão do que é fundamental, como nos aponta Paul Veyene, aupd Azanha (1990 – 1991), isto é, o jogo das complexas relações sociais que ocorrem na instituição escola.

Para compreender a escola precisamos adentrar na cultura própria a qual se desenvolve toda sua história. Isso é possível por meio de investigações que possibilitem conhecer as manifestações culturais que ocorrem no ambiente escolar e se traduzem em determinada práticas. Significa fazer o mapeamento cultural da escola, como defende Azanha (1990 – 1991).

Uma área de pesquisa que contribui para o conhecimento cultural da escola e conhecer sua função em face da diversidade cultural dos alunos. Tomando como referência os estudos de Bordieu, citado por Azanha (1990 – 1991), que sinaliza que a sociologia e a educação não dão a devida atenção à função de integração cultural da escola, é necessário refletir sobre a cultura que a escola transmite e a função que expressa em transformar o legado coletivo em legado individual e comum, como aponta Azanha (1990 – 1990).

Sobre isso, Charlot (apud Garcia 2005) chama a atenção para o coletivo e a singularidade, bem como para o sentido que a escola possui para crianças e adolescente em sua diversidade cultural e social. Para o autor, embora a embora o indivíduo se construa no social, ele se constrói como sujeito por meio de uma história. Porém, não é a simples tradução dessa história, mas essa irá influenciá-lo conforme o sentido que possui para ela. O sujeito só aprende o que nele desperta ecos, ou seja, o que possui sentido para ele.

Sobre esse assunto, recomendo a leitura da dissertação de Cláudia Garcia (2005), disponível em http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/17716/000723729.pdf?sequence=1
Embora o trabalho seja datado de 2005, ele nos remete à reflexão da função social da escola para alunos da periferia de uma grande cidade. Para análise, a autora recorre a Charlot e outros estudiosos, a fim de interpretar o sentido da escola e a necessidade de mobilização para o saber e não apenas da motivação do aluno, a fim de se construir um relação com o saber, conferindo sentido ao ensino escolar.


Sandra Reis

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