domingo, 25 de novembro de 2012

A EXISTÊNCIA ESSENCIAL DA ESCOLA E A EDUCAÇÃO INDÍGENA


No trabalho de Orivaldo Nunes Junior intitulado - A EXISTÊNCIA ESSENCIAL DA ESCOLA E A EDUCAÇÃO INDÍGENA , o autor nos fala sobre a implementação da Educação Escolar Indígena nas aldeias e no decorrer do texto relata sobre o filósofo contemporâneo Richard Rorty que  baseou-se nas teorias pragmatistas estadunidenses de William James, John Dewey, Donald Davidson, Charles Sanders Peirce. Abaixo partes do texto são descritas e o texto completo encontra-se em: http://www.portalanpedsul.com.br/admin/uploads/2008/Educacao_e_Movimentos_Sociais/Poster/05_47_19_A_EXISTENCIA_ESSENCIAL_DA_ESCOLA_E_A_EDUCACAO_INDIGENA.pdf

A educação que, a principio não tem paredes nem quadro e giz (o que nos faz lembrar os modos da escola de John Dewey), ensina para a vida. As reflexões sobre os fatos são, e devem ser, cotidianas, pois em qualquer momento pode surgir um pensamento que dará a chave para compreender o significado de um problema. Num sonho, numa palavra ouvida a esmo, numa ação de outra pessoa observada, num conselho. Tudo pode trazer a chave do caminho a ser seguido........................................................

A escola, seguindo o modelo europeu, traz suas raízes fundacionais na antiga Grécia, iniciando pelos sofistas, os primeiros a declararem o alcance da verdade única, percebendo com Tales de Mileto que afirmava ser a água princípio. Neste rumo, o que vale à Filosofia e a nossa questão na seria a água, mas como afirma Nietzche, o “princípio”. A busca pela unidade, a unificação, a busca pelo UM, denuncia a centralização da verdade em UM ponto e, consequentemente, a centralização do saber, do conhecer em uma pessoa.     Assim eram os sofistas, acusados por seus sucessores por cobrarem pelos conhecimentos transmitidos. Os filósofos, que vieram na fila históricada “centralização” do conhecimento, elaboraram estratégias e métodos de passagem do conhecimento. Talvez o mais conhecido e praticado até os dias atuais seja aquele elaborado por Platão, que lecionava “fora do povo”, num parque afastado da cidade: o jardim de academus (aka=fora, demus=povo).
           Aqui, segundo Suchodolski5, em sua obra que faz uma passagem pelas várias correntes filosóficas que vieram a influenciar a educação ocidental, teríamos uma das maiores influências na formação da pedagogia. “Platão ensinou a diferenciar o mundo da Idéia perfeita, que não é mais o mundo das sombras, não têm de facto verdadeira, real, e o ‘mundo das sombras’, empírico, imperfeito, inconstante, de facto irreal, que é o terreno da vida humana”.
          Fiquemos aqui, por hora, com Suchodolski e passemos a ver o que nos diz o filósofo contemporâneo Richard Rorty, ferrenho crítico do platonismo e de suas conseqüências à formação do ocidente. Rorty denuncia o dualismo criado pelo platonismo e reafirmado ao longo da tradição filosófica clássica. Ele denuncia o que, por exemplo, em Suchodolski foi base para compreender a história da pedagogia ao diferenciar duas correntes: essencialista e existencialista. Rorty diria que esta diferenciação é parte de um problema que só deve respeito aPlatão resolvê-lo em sua época.
         Além da Grécia antiga, esta questão deveria ser abandonada, pois eram aqueles que seguiram o platonismo e passaram a perceber o mundo dividido entre Idéias e sombras. Ainda em tom de denuncia, Rorty comenta que ao longo da tradição filosófica, até antes de Nietzsche, Heidegger, entre outros, o costume filosófico ainda era tentar responder questões profundas. Entre elas: tentar alcançar o conhecimento universal. O universal é um conceito perseguido por séculos pelos filósofos, pois alcançar um conhecimento válido apenas para uma situação seria inútil, sendo que útil e duradouro era desvendar um mistério generalizante, que valha aqui e noutros planetas, ou seja, buscar o conhecimento universal. Anti-platonista, Rorty deixou de ser universalista e passou a buscar compreensões para o cotidiano da vida, tendo como ferramenta o contexto do problema para dali tirar sua solução.
         alimentação (ES-), viemos chamar atenção, apontando a um fato, a primeira vista etimológico, mas que pode ser apanhado como ferramenta para pensarmos qual escola está sendo introduzida em comunidades que não têm nada a ver com Platão..............................................
         Tendo em vista que, atualmente, são raras escolas que ainda precisam de professores nãoindígenas e, portanto, possuem indígenas nos comandos das salas de aula, questionamos: cessaria por aí a influência do pensamento ocidental na educação de outra cultura e tradição, apenas pela presença de indíPara isto baseou-se nas teorias pragmatistas estadunidenses de William James, John Dewey, Donald Davidson, Charles Sanders Peirce, como também em filósofos europeus fora da tradição como Friedrich Nieztsche, Martin Heidegger, Ludwig Wittgenstein, entre outros. As críticas ao platonismo seguem até hoje apontando e denunciando costumes ocidentais nas mais variadas áreas de conhecimento. Como se após Platão, os ocidentais tivessem percebido o mundo apenas por um paradigma que dividia as coisas e os fatos em dois: o dualismo.
A pedagogia não teria como ficar fora desta perspectiva, assim como, e é o que viemos chamar atenção aqui, a educação escolar. Porém, desde o momento em que se pensou em transferir um modelo de educação escolar para outra cultura, outra tradição, outra forma de educação (como a educação tradicional Guarani, por exemplo), como pensar e despir-se das metáforas e costumes entranhados na estrutura que segue anexo, por vezes na capa, impondo seu modelo de funcionamento desrespeitando o modelo não-ocidental e, principalmente, seus motivos de agirem de forma que lhes for mais apropriada para o momento?
A questão que nos propomos a pensar aqui, então, é: como um modelo de educação baseado no contexto grego, platônico, bem descrito na República de Platão, em que para formar bons cidadãos deveriam ser escolhidos entre as crianças os aptos a serem guerreiros, e a estes se dariam um tipo de ensinamento; aos restantes, ensinamentos de habilidades manuais de produção; e aos mais aptos ao pensamento, outro tipo de ensinamento.
Com esta separação dos ensinamentos, a República formada a partir disto deveria seguir infalível. Pois teriam guerreiros treinados pela arte da guerra, organizados pelo EX-ército; cidadãos formados para manter e suprir as necessidades próprias e dos guerreiros através da ES-cola; e bons dirigentes que seriam sensatos por serem amigos do saber, filo-sófos.
Com esta conclusão chegada por um filósofo ao calibre de Platão, de que uma boa sociedade deveria separar seus habitantes entre aqueles que lidam com a proteção dos internos combatendo os de fora (EX-), a aqueles que lidam com a proteção de todos provendo as necessidades de consumo e genas na instituição especificamente ocidental introduzida ali? Isto dá crédito a perceber que, atualmente segundo o modelo de Educação Escolar Indígena vigente, as comunidades têm se apropriado dos modelos ocidentais mesclados aos tradicionais de suas particularidades étnicas. Portanto, não escapam de alguns aspectos do ocidentalismo, e buscamos aqui como: 
1- Os professore indígenas foram formados por professores não indígenas em cursos de capacitação, correndo o risco de continuarem com metodologias aprendidas na formação ocidentalizante;

2- executam atividades em salas de aula;

3- são professores e, portanto, tendem a seguir a tradição ocidental de centralização do conhecimento..........................................

Frente a estas questões, percebemos que deve sim existir escolas nascomunidades indígenas, tratando-se de reivindicações dos grupos étnicos, salvando as comunidades que desejam permanecer sem a instituição escolar (que também são inúmeras), porém pensemos numa pedagogia que possa dar base e sustentação às atividades do estado dentro das comunidades. A esta pedagogia, talvez não se encaixando em nenhum modelo baseado no dualismo platônico, segundo Suchodolski (existência e essência), poderia ser aproximada do modelo da pedagogia da Educação Nova (Dewey), em que apresenta propostas de deixar os estudantes mais livres para criarem e aprenderem com suas próprias práticas...................................
Denunciamos, deste modo, que caberia ao estado, caso não saiba ou não possa lidar com comunidades autônomas, reconhecer que há uma forma de educação tradicional que exige território e, portanto necessita, mais do que construção de paredes, de espaços garantidos para esta educação e por isso de terras indígenas demarcadas, sendo que, de acordo com a primeira citação, “na realidade toda aldeia parece uma sala de aula” (Nhenety Kariri-Xocó).
E, se além disso, necessitarem os indígenas de apoio de instituições, cabe ao estado promover o desenvolvimento de “teorias”, se assim o requer para seu “funcionamento”, para alcançar melhor o atendimento ao que, e finalizamos, apontamos para o que se poderia chamar, metaforicamente, de Pedagogia Comunitária Indígena.......................................
Robson Alex

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