Considerações sobre a prática do pragmatismo: Floyd Merrel
Rosenei Cristina R. Victor Alves
Neste estudo Floyd Merrel fundamenta a questão da aprendizagem para além do
mental. Mostra-nos a aprendizagem como uma questão de interdependência,
inter-relacionalidade e interatividade. Em cada um desses conceitos coloca
respectivamente, que “cada passo pela estrada pedagógica em direção ao conhecimento
tem uma dependência com todos os passos” (p.12); “porque todo conhecimento tem
relação com todos os objetos do conhecimento, com o conhecimento das múltiplas
interpretações destes objetos” (p.12); e “porque qualquer mudança tem
consequências que afetam tudo” (p.12). Assim, este conjunto de fatores interage
fortemente no processo de aprendizagem rompendo com o racionalismo dualístico.
Então para a aprendizagem e
conhecimento, ou a aquisição de novos conhecimentos, precisa-se considerar os
conhecimentos que se tem a priori e as sensações também, posto que a
experiência humana é um processo de perceber, conceber e aprender, numa grande
circulariedade de tensões.
Na critica que faz ao empirismo e ao
racionalismo- dualismo levanta a idéias de que para e avançar nas nossas
concepções precisamos do rompimento de uma
versão linear em busca de uma compreensão tridimensional, pois sempre há várias
possibilidades e várias crenças como um
fluxo que compõe o cotidiano da escola e
a relação entre o professor e o aluno.
Coloca-nos questões, entre outras: “Como
pode existir a aprendizagem do que ainda não sabemos se a mente tem
conhecimento a priori? Se a mente não é ignorante, mas sabe dividir o mundo nas
categorias próprias, como é que pode errar?” (p.14). Através destes
questionamentos, o autor tece com muita propriedade criticas ao racionalismo. E
reforça: “Precisamos de algo além da mente” (p.15).
Merrel aponta-nos que significados do
mundo, ou seja, a significação do mundo se dá quando vivenciamos e nas relações
que estabelecemos com pessoas e objetos criarmos sentidos e significados
internos e externos e experimentamos a realidade a partir do movimento de
resignificação - a realidade reconstruindo os significados. Nas suas palavras: “(...)
A vida está cheia de surpresas. (...) porque ao contrário do Zero, que é
possibilidade pura, a primeiridade tem existência, mas não tem existência para
nós, isto é para nossa consciência” (p.19-21).
Precisamos compreender que os nossos
desejos que as nossas crenças coincidam com os fatos não se dão de forma
simplista. Aprender também não o é. A realidade é aquilo que é independente de
nossas opiniões e crenças sobre ela e que possa ou não ser transformada.
O que seriam os fundamentos e os princípios
de uma educação pragmaticista? Poderemos dizer que o pragmatismo é a inteligência,
ou o pensamento em ação, sem ignorar o real. O pensamento é livre e pensar e
agir dessa forma propicia o surgimento de novas idéias.
Ampliar nossas percepções sobre
educação passa por dedução (algo que deve ser), indução (algo operatório ou
elementos para comprovar uma teoria) e abdução (a sugestão de que algo pode
ser), embora entendamos que na educação é difícil fazer indução pela
dificuldade em explicitar fundamentos, características e diferentes concepções.
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