RELATO DE UMA
EXPERIÊNCIA
Maria Ângela
Rubini
Fechando os trabalhos na disciplina
“Entre os Saberes Docentes e Aprenderes Discentes; questões teóricas e
metodológicas”, apresentamos a Tese “A CARTOGRAFIA NO ENSINO DE GEOGRAFIA A
APRENDIZAGEM MEDIADA”, da autora Mafalda Nesi Francischett, para os alunos da
disciplina acima citada, sob coordenação do Prof. Mauro Betti.
A presente Tese, relata a construção de
uma proposta metodológica de ensino-aprendizagem da Geocartografia no Ensino
Superior, respaldado na metodologia da Pesquisa-ação. Articulando o uso de
signos e da semiótica no campo da linguagem, destacando a teoria de Charles
Peirce e a importância da mediação, fundamentada em Vygotsky, a autora
desenvolveu um trabalho com a representação cartográfica através da construção
de maquetes, tendo como principio condutor, a comunicação. Para a semiótica a
maquete é um aspecto da realidade, ela não representa fielmente a realidade,
mas se aproxima, faz a mediação com detalhes não vistos em outra forma de
representação.
A pesquisa foi desenvolvida com alunos
do segundo ano (1998/1999), do curso de Geografia da UNIOESTE, Campus de
Francisco Beltrão-PR. A autora relata que ao apresentar, os objetivos e
metodologia do trabalho aos alunos, a reação foi de grande interesse,
curiosidade e disponibilidade ao desafio proposto.
Os alunos escolheram eixos temáticos
para o desenvolvimento da pesquisa e apresentaram pré-projetos que foram
expostos e discutidos em grupos, recebendo contribuições dos colegas e dos
professores. Esses projetos tiveram dois assuntos em destaque. Um ligado a área
do ecoturismo, aproveitando o potencial local e ampliando as fontes de renda da
região; O outro assunto foi à necessidade da formação, atendendo a exigências
do mercado de trabalho, sendo a maior preocupação de todos os alunos, a questão
da capacitação e reconhecimento profissional.
Definidos os assuntos, a fase de
formação dos grupos e discussões sobre o tema escolhido, foram marcados por
diferentes idéias, euforia e angustia que aos poucos foram cedendo lugar a
composição das equipes. Formaram-se 12 grupos que permaneceram até o final.
A pesquisa-ação envolve pesquisador e
pesquisados, criando uma relação de cumplicidade, onde o professor procura
compreender a visão que o aluno tem do conhecimento e refletem sobre “o que
fazer” numa relação dialógica. Essa metodologia possibilita um trabalho
coletivo em que a fragmentação do ensino-aprendizagem e o abismo entre teoria e
prática, cedem lugar a pesquisa interdisciplinar dando sentido a práxis.
Durante a pesquisa ficou claro que o
aluno é o que menos rejeita as mudanças, os professores resistem mais, tiveram
dificuldades em aceitar e confessaram ter entendido o objetivo do trabalho, ao
término dele.
Para a maioria dos docentes, a avaliação
dos discentes foi realizada ao final do processo. Essa atitude causou revolta
em um aluno, que dentre outros, confessou não estar satisfeito e quando lhe foi
proposto conversar com o professor, ele respondeu: “Discutir é perda de tempo”.
O professor por sua vez comentou: “Isso que dá dar abertura para o aluno...”. Alguns
deixaram claro que a autoridade de avaliar lhes cabe e isso não é discutível com
o aluno, fato que colocou em risco toda a relação de confiança construída até
ali.
Mesmo com esses percalços, o aluno continua
na universidade, pois é nela que está a possibilidade de superação da realidade
em que vive.
Ao iniciar os trabalhos, a autora relata
que não imaginava a repercussão que traria ao ensino da Cartografia. Houveram
muitos desafios a serem vencidos, mas a proposta provocou mudanças,
principalmente aos que se mostraram favoráveis a superação das fragmentações
entre as disciplinas e as barreiras entre teoria e prática. Não foi possível “controlar”
a amplitude que cada trabalho alcançou, pois os alunos foram convidados para
assessorar projetos em diversos municípios.
Feita a apresentação resumida da Tese aos alunos da disciplina, “Entre os Saberes Docentes e Aprenderes Discentes; questões
teóricas e metodológicas”, apresentamos duas maquetes representando terrenos
urbanos e diversas caixinhas representando casas e prédios. Pedimos para a sala
se dividir em dois grupos e cada qual deveria discutir e organizar as maquetes,
segundo critérios escolhidos no coletivo.
As discussões sobre "o que fazer" e "como fazer".
GRUPO A
GRUPO B
O grupo A, representou um Campus Universitário.
O grupo B, representou um condomínio de alto padrão.
Os Trabalhos
Percebemos uma participação efetiva
entre todos os componentes do grupo. Discutiram as possibilidades “do que” e de
“como” representar, algumas regras que cada ambiente exige para sua liberação
legal, etc. Utilizaram pinceis para mudar a estrutura das construções, os lápis
viraram postes e suportes, papeis recortados deram formas a árvores, piscinas,
placas, flores, portal, pessoas, etc.
A pesquisa-ação é organizada de modo
participativo com a colaboração de todos, identificando os problemas e buscando
soluções, numa comunicação horizontal onde pesquisador e pesquisados superam a
dicotomia dos diferentes saberes. Para Freire (1996), “Quem ensina aprende ao
ensinar e quem aprende ensina ao aprender.”
Referências:
FRANCISCHETT,
Mafalda Nesi. A Cartografia no Ensino de Geografia:a aprendizagem mediada, na
Faculdade de Ciências e Tecnologia – UNESP – Campus de Presidente Prudente /
Mafalda Nesi Francischett. – Presidente Prudente: [s.n.], 2001. 219p.
FREIRE,
Paulo. Pedagogia da Autonomia Saberes Necessários à Prática Educativa.
Publicação original: 1996. Ano de digitalização: 2002. Disponível em:
Trabalho
apresentado na disciplina “Entre os Saberes Docentes e Aprenderes Discentes; questões
teóricas e metodológicas”, pelo grupo composto por: Fernanda Gomes, Maria
Ângela Rubini, Natália T. Ananias, Rafael Rossi, Renata C. Bezerra e Tatiane
Felix.
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