Por meio deste texto,
gostaria de explicitar um pouco mais sobre o trabalho de pesquisa-ação feito por Mafalda
Nesi Francischett, tese que apresentamos em nosso seminário. Primeiramente, acredito
ser importante esclarecer que ao definir a pesquisa-ação, Franco(2005) afirma
que em suas origens, a pesquisa-ação pode ser considerada como sendo uma
investigação que rume à transformação de determinada realidade. Ainda se
caracteriza por contar com a participação dos sujeitos da pesquisa para pensar
na constituição do processo em que estão envolvidos. Ressalta também que a
avaliação do processo é realizada durante toda a pesquisa e que todos os
esforços desprendidos no trabalho de pesquisa-ação visam à pesquisa em ação e a
transformação.
Sobre
a tese “A cartografia no Ensino de Geografia: a Aprendizagem Mediada”
Francischett(2001) no esclarece
que ao realizar o trabalho, procuraram reconhecer a dinâmica da ocupação do
espaço geográfico, por meio do estudo de situações cotidianas e, assim, através das representações cartográficas
(maquetes e mapas), possibilitar reflexões e mudanças no ensino da Cartografia
no Curso de Geografia. Para tal investigação, foi planejo e realizado juntos
aos alunos e professores, um cronograma de atividades perfazendo um total de 40
horas/aula. Inicialmente, foram trabalhadas algumas categorias da geografia
para possibilitar a construção metodológica na discussão dos fenômenos
espaciais.
Foram
compostos grupos de trabalho em que os participantes procuraram escolher um
lugar e ou objeto comum de investigação à serem desenvolvidos no projeto,
através dos interesses em comum do grupo. Os projetos foram desenvolvidos de
maneira teórica e prática, teórica apresentada por escrito e, a prática através
das maquetes. Para a construção das maquetes foi fundamental aos grupos
desenvolver a criatividade, capacidade de percepção, habilidade manual, dentre
outras. Segundo Francischett(2001), em seu processo de pesquisa, o aluno
tornou-se agente do seu próprio conhecimento.
A pesquisadora realizou
um colóquio no intuito de expor e discutir os trabalhos feitos pelos alunos,
com a presença dos professores participantes e ativos no projeto. Desta forma,
afirma Francischett(2001) que foi possível realizar uma avaliação do processo
por debater os objetivos e os resultados atingidos até então. Como resultado,
as falas, opiniões e sugestões dos participantes da pesquisa foram transcritas
na íntegra, no intuito de legitimar ainda mais sua pesquisa como uma pesquisa-ação.
Uma das características
da pesquisa-ação também pode ser observada pelo fato de Francischett(2001) realizar
junto aos participantes, no transcorrer da cada etapa e/ou atividade,
avaliações diagnóstica contendo como tópicos de análise, o tema do trabalho, a
avaliação do processo grupal de produção e a metodologia de trabalho realizada.
Na etapa de avaliação,
tão importante à pesquisa-ação, pode ser percebida nas falas dos professores,
certa resistência, pois afirmavam estar com pouco tempo para participarem do
projeto. Além disso, Francischett(2001) afirma ter ficado explícita a
inexperiência pedagógica dos docentes no sentido de trabalhar em conjunto. Por
parte dos alunos, a autora notou haver uma insegurança em relação à possibilidade
de não conseguir contemplar os conteúdos necessários para a execução do
projeto.
O término do trabalho se deu com a exposição pública
das maquetes em um evento chamado EXPROCARTO, onde foram apresentadas 12
maquetes, com a participação de 70
alunos, 8 professores do curso de Geografia e a presença do público de 341
pessoas.
Francischett(2001) afirma que a pesquisa acabou por
demonstrar a importância do trabalho grupal, principalmente entre alunos e
professores. Afirma a autora que esta prática de construir um projeto juntos, extrapolou
o sentido da construção das próprias maquetes. Principalmente, resultou em reflexões
e transformações no modo de pensar a educação na universidade e a profissão do geógrafo.
Portanto, podemos concluir que o trabalho realizado
por Francischett(2001) mostrou-se importante aos estudantes e professores de
geografia e caracterizou-se como uma pesquisa-ação pelo fato de ter sido construída
e avaliada processualmente e junto aos participantes, além disto, realizou a
mais importante característica da pesquisa-ação – a transformação da realidade
dos sujeitos.
Referências:
FRANCO, Maria Amélia Santoro. A
Pedagogia da pesquisa-Ação. Educação e Pesquisa. Revista da Faculdade de
Educação da USP. Vol.31, fascículo 3.. p. 483-502. dez.2005.São Paulo 2005.
FRANCISCHETT, Mafalda Nesi. A
Cartografia no Ensino de Geografia: a aprendizagem mediada. (Tese de doutorado). Faculdade de Ciências
e Tecnologia – UNESP , Presidente Prudente, 2001.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.