Da
sabedoria dos livros
Não
penses compreender a vida nos autores.
Nenhum disto é capaz.
Mas,
à medida que vivendo fores,
Melhor os compreenderás.
Mario Quintana
Gostaria de iniciar este breve texto, ressaltando que ao me deparar com este poema de Mario Quintana, fui remetida
às discussões que realizamos em nossas aulas sobre o significado de experiência
para Peirce, onde experiência é compreendida enquanto “resultado cognitivo de
todo viver”.
Quintana nos remete, a partir de seu
poema, ao quanto a experiência é imprescindível no processo de compreender o
mundo, e até mesmo, de compreender aqueles que se propuseram a explicar o
mundo. Nos instiga à pensar que precisamos estar abertos para entender a vida
para além do que nos é dito através dos livros, é fundamental viver para
compreender o viver.
Quando buscamos o entendimento da
vida, geralmente o fazemos através das ciências e da filosofia, muitas vezes
sem nos questionar no valor da experiência neste processo. Porém isto é
impensável para Peirce pois, Segundo Medeiros(2009),
Peirce defende ser a Filosofia um ramo das ciências que examina e busca desvendar
o que é verdadeiro na experiência cotidiana.
Medeiros(2009)
nos esclarece que para a ciência, a experiência pode ser compreendida como o
resultado da observação que explica o mundo, já para a filosofia, a experiência
teria o significado de interpretação da vida e do mundo. São desses
pressupostos que surge a máxima peirceana, já mencionada acima, de que: “a
experiência é o inteiro resultado cognitivo do viver.”
Acredito ser importante ressaltar que nesta máxima, encontra-se uma relação intrínseca entre experiência e cognição, uma vez que, para Peirce não somente a experiência é o resultado cognitivo do viver, mas o viver também é moldado pela cognição.(MEDEIROS, 2009)
Acredito ser importante ressaltar que nesta máxima, encontra-se uma relação intrínseca entre experiência e cognição, uma vez que, para Peirce não somente a experiência é o resultado cognitivo do viver, mas o viver também é moldado pela cognição.(MEDEIROS, 2009)
Assim, podemos nos remeter novamente ao poema de Quintana para pensar em uma relação dialética entre desejar compreender o mundo
através dos autores, porém só conseguir compreender nossas próprias vidas, e o
que os autores escrevem sobre o mundo, quando tivermos vivido o suficiente para isto, ou seja, quando formos capazes de pensar sobre nosso próprio viver
através de nossas experiências.
Medeiros (2009) afirma que Peirce defende existir uma única
regra da razão, que é a de que para aprender, os indivíduos necessitam desejar
aprender e que este desejo não deve se limitar a levar à pensar somente no que os mesmos já estão
propícios à pensar, pois desta forma, estariam bloqueando novas ideias, novos
pensamentos, novas investigações. Assim, se desejamos compreender algum aspecto do mundo, torna-se necessário nos abrir à novas
experiências, à novas formas de pensar e de viver. Desta forma, poderemos entender o que os autores escrevem sobre o
mundo e sobre nossas próprias vidas.
Tatiane da Silva Pires Felix
REFERÊNCIAS:
MEDEIROS, T.T.Q. A FENOMENOLOGIA PRAGMATICISTA DE CHARLES S. PEIRCE. Prometeus Filosofia em Revista, ano 2 , n. 3 – Jan-Jun 2009.
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