Saulo Albuquerque Gomes.
Essas linhas tem como
objetivo instigar algumas reflexões sobre as contribuições do pensamento
de Charles Sanders Peirce e relacioná-las ao âmbito da educação. Essas
considerações foram feitas a partir da leitura de um texto que é resultado da
pesquisa institucional “o tempo e a semiótica” realizada por Ana Cristina
Teodoro da Silva, doutora em História/UNESP e Professora do Departamento de
Fundamentos da Educação – UEM.
A primeira questão que
nos é colocada é a seguinte: Qual a contribuição da semiótica para a educação?
Para a autora a semiótica de Peirce propõe outra visão de mundo, que rompe com
a noção de dualidades, compreende que as relações naturais e os processos de
conhecimento ocorrem por meio de relações triádicas.
Peirce tinha como
objetivo encontrar categorias que fossem comuns a qualquer forma de pensamento,
ele queria entender como funciona o pensamento. As categorias fundamentais que
foram encontradas por ele foram chamadas de primeiridade, secundidade e
terceiridade e essa tríade estará presente em toda a organização do saber
proposta por Pierce.
Acredita-se que é
preciso compreender essas categorias para compreender a semiótica de Peirce e
não cair no erro de entendê-la como algo mecânico e dessa forma mais próxima as
dualidades por ele negadas.
Para SILVA, “A
primeiridade é sensação, a pura cor vermelha, uma euforia que aparece. É a
categoria da liberdade, da espontaneidade, não chega a ser consciente, quando
pensamos nela já estamos na secundidade. A secundidade é a categoria do
confronto, do choque com o outro, do presente sem reflexão, da surpresa. Um
esbarrão na esquina, a consciência do roçar da pele com a roupa, o detectar de
uma presença. No instante em que percebemos que a presença é de um gato, já
estamos na terceiridade, categoria do entendimento, da reflexão, da relação, do
signo completo.” Para a autora todo e qualquer fenômeno não pode abrir mão
desses três momentos, que seriam os fundamentos a partir dos quais todos os
conhecimentos ocorrem.
A semiótica é a ciência
que estuda os signos, o que seria então os signos? Segundo Santaella, “Em uma
definição mais detalhada, o signo é qualquer coisa de qualquer espécie (uma
palavra, um livro, uma biblioteca, um grito, uma pintura, um museu, uma pessoa,
uma mancha de tinta, um vídeo etc.) que representa outra coisa, chamada de
objeto do signo, e que produz um efeito interpretativo em uma mente real ou
potencial, efeito este que é chamado de interpretante do signo (SANTAELLA, 2004a,
p. 8)."
Segundo SILVA, a semiótica, é
o estudo da semiose, isto é, do processo de atuação e funcionamento dos signos.
Partilhar dessa proposta significa rever como conhecemos, e essa revisão nos
permite alterar premissas relacionadas à educação.
A semiótica entende que toda a aprendizagem ocorre por
meio de signos, a comunicação é fundamental para o processo cognitivo,
aprendemos comunicando e comunicamos aprendendo.
Na
escola busca-se um conhecimento sistemático, induzido. A noção de primeiridade
é destacada como fundamental para o processo de aprendizagem, a prerrogativa é
que "sem esse sentimento de algo que nos toca não se efetua o processo
síignico completo.”
O aprendizado na perspectiva semiótica não busca resultados, mas caminhos, como afirma SILVA, " O aprendizado, da perspectiva da semiótica, precisa de um objeto ou conteúdo, de uma mente com seu capital de signos e produzirá um resultado. Não há garantias de onde chegaremos, apenas garante-se que há um caminho."
O aprendizado na perspectiva semiótica não busca resultados, mas caminhos, como afirma SILVA, " O aprendizado, da perspectiva da semiótica, precisa de um objeto ou conteúdo, de uma mente com seu capital de signos e produzirá um resultado. Não há garantias de onde chegaremos, apenas garante-se que há um caminho."
Olhar
a educação através das lentes da semiótica é compreender que não há separação
entre percepção e conhecimento, para Peirce o pensamento não está em nós, nós é
que estamos em pensamento.
REFERÊNCIA
SILVA, A.C.T., PERSPECTIVA
SEMIÓTICA DA EDUCAÇÃO, Rev. Teoria e Prática da Educação, v11, n.3, p.259-267. Set./dez.2008.
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