quinta-feira, 24 de abril de 2014

Primeiras Impressões/Raquel Pozzenato Silazaki


A Disciplina: Entre os Saberes Docentes e os Aprenderes Discentes: Questões Teóricas e Metodológicas remeteu-me a pensar sobre um estudo voltado à aprendizagem dos alunos a partir da pesquisa sobre as práticas docentes e a formação de professores no decorrer da história educacional do país. Como vem sendo desenvolvidas pesquisas que se referem à formação inicial do professor e também a formação continuada, numa perspectiva direta com os tempos e espaços de aprendizagens dos alunos.   

“Semiótica”, palavra que não recordo ter feito parte de meu vocabulário, para a qual nunca busquei seu significado. Deparando-me com o primeiro texto proposto na disciplina: Semiótica e Filosofia de Peirce, tive a necessidade de buscar o significado desta palavra: “ciência geral dos signos e da semiose, estuda os fenômenos culturais, como se fossem sistemas sígnicos”. Não ficou claro, embora imaginasse que a leitura do texto contribuiria, em muito, para entender esta “ciência geral dos signos”. Não foi, é óbvio, o que aconteceu, pois percebi um texto difícil, onde tive problemas para tirar conclusões. Os métodos da tenacidade, científico, autoridade e o a priori, foram melhores compreendidos quando da participação da aula, onde as conexões do pensamento foram sendo estabelecidas aos poucos, necessitando ainda, avançar.

Devo voltar ao primeiro parágrafo sobre minhas primeiríssimas impressões, pois ao participar da aula inicial da disciplina, percebi que as questões colocadas no parágrafo citado serão sim observadas, porém, sob a perspectiva da Semiótica. 

Assim, neste primeiro trabalho a ser postado no blog, quero registrar minhas primeiras atribuições de significados sobre o que foi falado na aula inicial, com grande probabilidade de ter problemas neste processo de significação, mas que fica aberto a correções por parte do professor e demais alunos da turma que estudam o assunto ou compreenderam-no melhor do que eu naquele momento.

Assim, observo que na perspectiva da semiótica as questões teóricas e metodológicas acerca da formação dos professores, da aprendizagem do aluno, da relação entre a teoria e prática, são situações que devem ser analisadas a partir de um contexto complexo: social, político, cultural, mas, sobretudo, dinâmico. Portanto, não se dá ênfase apenas ao professor, ou ao aluno, ou somente à teoria deixando a prática de lado. Trata-se de um processo contínuo, que no sistema de signos uma linguagem não elimina a outra, assim a relação professor/aluno/conteúdo é um tripé que deve sempre ser respeitado e analisado em conjunto. Há um processo dinâmico de mudanças, nada é estático, o professor, o aluno, o mundo muda constantemente e assim criam-se novos significados.

A semiótica auxilia a observar as relações que se estabelecem e a partir dela compreendê-las. Ela fala do ser humano do mundo, numa perspectiva cosmológica e não antropocêntrica. A cultura nesta perspectiva produz a circulação de signos e sentidos, produção de informação e conhecimento.  Assim, o aluno não deve ser visto apenas sob a perspectiva teórica do professor. Deve-se mudar a posição para se compreender o objeto e a semiótica chama a atenção para isso, onde devo me utilizar de vários signos para ensinar e entender que o aluno se expressa e aprende de várias maneiras onde tenho que observar suas diversas manifestações, sua linguagem corporal, o afeto, etc. Assim, quando olho o “objeto” de maneira que entendo essas constantes relações sígnicas, compreendo melhor como ocorre os seus processos de significação. O professor que não coloca sua teoria em prática, vivenciando-a nesta relação professor-aluno-conteúdo, não tem uma experiência (concreta, vivenciada), não consegue atribuir significados a si e não favorece os alunos construírem os seus.  

O aluno com suas singularidades, desejos, experiências, relações com o saber, assim como o professor com suas experiências, saberes e conhecimentos, suas, também, singularidades e desejos, dentro das diversas possibilidades do mundo, terão nas relações pedagógicas um resultado positivo, a partir do momento que tiverem tido uma experiência vivida acerca do conteúdo, no sentido de estabelecer novas relações interpretantes, onde ocorra a aprendizagem: processo de aquisição de conceitos e de modificação de condutas: conduta crítica e autocrítica.

Assim,  nas relações pedagógicas a construção dos signos é constante e por isso devo analisá-las,  observando todas as vertentes que apresentam significados. O novo não surge do nada, há uma ligação com o passado. Para Peirce tudo o que há no mundo, há semiose, por isso devemos saber interpretar como acontece a aprendizagem nas relações estabelecidas entre o professor-aluno-conteúdo. Essa relação triádica deve ser respeitada num processo de construção de sentidos, mudanças de condutas a partir das consequências práticas vividas e que possibilitam uma visão crítica e autocrítica por parte dos envolvidos.

Quando há uma relação interpretante entre o representante e o objeto, a relação interpretante é que vai gerar o signo. E, uma relação interpretante que gera um signo, vem a gerar outros signos. Se não houver essa relação interpretante não haverá signo, pois a evolução dos signos (do conhecimento) produz signos mais significativos num movimento constante de novos signos.

As primeiras falas acerca da primeiridade, secundidade e terceiridde foram bastante complexas, mas, mais complexo ainda é associá-las às ações de dia-a-dia professor- aluno-conteúdo. Deparar-se com algo, sem atribuir nenhum significado, um observar instantâneo da coisa, seria a primeiridade. Se eu não tivesse refletido um pouco sobre o título da disciplina no instante de escolhê-la, talvez tivesse ficado neste campo da primeiridade, mas como atribui um significado para ela como mencionei no primeiro parágrafo, estava já na secundidade, na qual acredito passar um longo período. Complexo é chegar à terceiridade na compreensão desta lógica geral dos signos em relação à disciplina e sobretudo nas ações educativas que, possivelmente, muitos aqui estão inseridos. 

Espero, de uma maneira simples, ter colocado minhas primeiras impressões acerca da disciplina, sobretudo, do primeiro encontro.

Fico à disposição para conversarmos mais sobre isto, ou organizar informações onde eu possa ter atribuído significados errôneos acerca de alguns conceitos.

Raquel Pozzenato Silazaki

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.