terça-feira, 8 de abril de 2014

Reflexões sobre a relação entre a disciplina e uma pesquisa sobre resiliência e educação

No caminhar das aulas, explicações, discussões de textos e debates em sala de aula, comecei a tentar fazer algumas (e pequenas) relações da disciplina com o tema da minha pesquisa que propus no mestrado que transformaram-se em dúvidas. Por isso irei expor o caminho que fiz para esta reflexão.

 A pesquisa que propus no mestrado refere-se às relações entre resiliência e educação que serão buscados através da pesquisa bibliográfica de livros, artigos científicos e livros que abordam a temática. 

Iniciei meu raciocínio no conceito RESILIÊNCIA, na sua gêneses... como surgiu e como foi apropriado pelas ciências naturais (primeiramente) e o "empréstimo" do conceito pelas ciências humanas (principalmente pela psicologia). Eis uma pequena e simplória explicação:


O termo resiliência surgiu primeiramente nas áreas de Física e Engenharia em 1807 com Thomas Young que estudava a tensão e compressão de barras considerando a força aplicada a um determinado objeto e a deformação que resultava desta força. Logo, resiliência (nas ciências naturais) foi conceituada como a capacidade de uma material absorver energia sem que ocorra nenhuma deformação. 

Como dito anteriormente, a Psicologia "pegou emprestado" o termo resiliência das ciências naturais e transpôs aos estudos humanos. As primeiras pesquisas surgiram nos Estados Unidos com Michel Rutter (1987) que conceituou resiliência como “variação individual em resposta ao risco e os mesmos eventos estressores podem ser experienciados de maneira diferente por diferentes pessoas", destacando a resiliência como um traço individual, conceito muito similar ao usado nas ciências naturais. Ou seja, o individuo teria ou não resiliência.
Através de pesquisas posteriores, o conceito foi alterado e a resiliência é concebida até o atual momento não como um traço individual, e sim como um processo de superação que depende das circunstâncias que o indivíduo se encontra. Um exemplo desta mudança é a "re-conceituação" de Rutter em 1999 declarando que a resiliência era um fenômeno de superação de estresse e adversidades, e destacou que a resiliência não se constitui uma característica ou traço do indivíduo.
Mas é importante destacar que mesmo com essa nova visão a luz do conceito, ainda há pesquisas que concebem a resiliência como atributo individual.
Ainda há uma discussão no campo científico que o termo resiliência não é o mais adequado para representar este processo tão complexo, e que seria necessário a construção de um novo termo que abandonasse esta raiz histórica das ciências naturais.

Voltando à disciplina em questão, comecei a pensar... resiliência é um signo. Signo de acordo com Pierce é qualquer coisa (som, gesto, palavra, traço, etc.) que representa outra coisa. Este signo produz outros signos através de semioses, que foram apropriados de diversas formas pelas diferentes ciências (naturais e humanas - no caso do signo: resiliência). E que até nos dias atuais, o conceito de resiliência nas ciências humanas ainda está em construção, diferentemente do caso das ciências exatas que o termo desde sua criação está estável, sólido e fundamentado (uma verdade que até o momento é sustentada pelo conhecimento científico).
Resiliência além de ser um termo, é um conhecimento que se encontra inacabado e em constante debate no campo cientifico, um conhecimento como todo conhecimento... inacabado.



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