O
conteúdo abordado na disciplina foi para mim de grande valia, já que as
atividades e leituras propostas proporcionaram ampliar conhecimentos de autores
que não fazem parte da minha formação.
Em
decorrência da minha prática e do trabalho que pretendo desenvolver, irei
novamente abordar o assunto no qual Charlot denomina de objetos sociomidiáticos
e um dos assuntos que está constantemente em foco nas opiniões e reportagens é o
índice dos estudantes do ensino fundamental, o que irei direcionar para o
processo de aprendizagem.
Aprender?
Palavra de poucas letras e sentido tão complexo...o que gira ao seu redor? De
que depende? O que é necessário? Como ocorre? São muitos questionamentos que
somente uma palavra provoca e mais, há uma diversidade de concepções a seu respeito.
Charlot
(2006) refere que alguns educadores ainda erram em pensar que apresentar o
conhecimento por si só leva a movimentar a inteligência. Assim,
pontua a necessidade daquele que ensina compreender como pode mobilizar
intelectualmente aquele que aprende.
E
o que significa tudo isso? De acordo com Charlot (2006), o educador deve fazer
algo e provocar a mobilização intelectual estando ciente de que a produção do
conhecimento dependerá da atividade intelectual do educando, sendo que este
poderá bloquear esse processo. Mas, como? O que é necessário para se mobilizar?
Ao lidarmos com questões biológicas internas podemos relacionar com o funcionamento
do Sistema Nervoso Central (SNC)?
Do
ponto de vista da neurociências, sim, pois o aprender é um processo complexo e
depende de adequadas condições e oportunidades
em que o SNC desempenha um papel essencial, uma vez que coleta e
armazena dados permitindo o acesso e seu uso na alteração do comportamento
(THOMPSON, 2011). De acordo com o esclarecimento de Friedrich e Preiss (2012),
a neurobiologia explica que o aprender está relacionado com o emocional, ou
seja, os sentimentos exercem papel
relevante na capacidade de percepção e atenção, isto significa que se a aula
for agradável despertará a curiosidade e interesse do educando e assim, a
aprendizagem será significativa. No entanto, atentam para a importância da interação
com o mundo ao redor no desenvolvimento biopsicossocial. Em suma, o aprender é
de ordem multifatorial uma vez que depende de fatores biológico, ambiental
(família/escola), emocional e sociocultural.
Desse
modo, podemos fazer uma relação com o pensamento de Charlot (2006) ao referir
que o processo ensino-aprendizagem ocorre por uma articulação tripla (educador,
educando e instituição – esta última podendo ser a escola, família), em que o
“fazer” político está do lado da instituição e o intelectual do professor, mas
o resultado dependerá do educando. Tal relato corrobora com o ponto de vista de
Thompson (2011) de que a aprendizagem depende da relação integrada entre
indivíduo e o meio envolvendo condições extrínsecas e intrínsecas. Isto nos
leva a entender que cada indivíduo está inserido num determinado contexto
(ambiente) e tem o seu modo e ritmo de desenvolvimento, tornando visível a
singularidade, a diversidade.
A
distância existente entre a teoria e a prática e o erro de trabalhar partindo do que deve ser uma escola ideal são
outros aspectos relevantes apontados por Charlot (2010). Acredita que deve-se primeiramente é entender a realidade
educacional e intervir de acordo com essa realidade. Neste ínterim concordo com o autor porque na
pesquisa que realizei com professores de uma escola pública com média abaixo do esperado, desenvolvi um trabalho para identificar suas necessidades e obtive resultados que merecem atenção como
dificuldades em trabalhar com um grupo heterogêneo, em relacionar teoria e
prática, em elaborar estratégias de ação, em trabalhar coletivamente entre
outros. No entanto, a articulação de outras áreas nesta questão torna-se fundamental.
Vale
dizer que em momento algum quero dar ênfase somente ao ponto de vista da
neurociências, mas a intenção é apontar a multiplicidade de áreas envolvidas no
processo de aprendizagem, a importância de cada uma delas, bem como suas
contribuições no âmbito pedagógico, político e social.
REFERÊNCIAS
CHARLOT, B. A pesquisa
educacional entre conhecimentos, teorias e práticas: especificidades e desafios
de uma área de saber. Revista Brasileira
de Educação, v.11, n. 31, jan./abr. 2006. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rbedu/v11n31/a02v11n31.pdf>.
Acesso em: 14 dez. 2012.
_________. Desafios da
Educação na contemporaneidade: reflexões de um pesquisador. Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 36,
n. especial, 2010. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ep/v36nspe/v36nspea12.pdf>.
Acesso em: 14 dez. 2012.
Mentecérebro. Como o cérebro interpreta o mundo. 2ª
Ed. São Paulo: Duetto Editorial, 2012.
THOMPSON,R.
Neuroeducação: um novo olhar sobre a relação entre Saúde e Educação. In: MAIA,
H. (Org.). Neuroeducação: a relação
entre saúde e educação. Rio de Janeiro: Wak Editora, 2011. p.19-30.
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