Alex
Pessoa
Optei em criar minhas
postagens fundamentadas nos estudos desenvolvidos por Charlot, por entender que
suas contribuições trazem implicações contundentes para a educação. Chama
atenção em seu trabalho a ênfase que o autor dá, apoiado em Kant e Fichte, para
elementos da apropriação da cultura e do desenvolvimento ontológico da espécie
humana, imprescindíveis para que ocorram os processos de aprendizagem e
desenvolvimento.
Essa perspectiva rompe com abordagens apriorísticas tão
presentes em modelos teóricos que sustentam a práxis em educação e que atribui
o sucesso / insucesso exclusivamente ao indivíduo. Como resultado, a alteração paradigmática proposta,
embora não seja inédita, exige e reforça o comprometimento de diferentes
segmentos da sociedade na relação com saber das gerações sucessoras.
Ao que parece, a busca
pelo entendimento de “Como as pessoas aprendem”, perpassa a obra de diversos autores
(destaco Piaget, Vigotiski, Ausebel, Skinner e, em certa medida, Freud). Essa
inquietação também está presente em parte das discussões apresentadas por
Charlot. Acrescenta o fato de que para este, existem diferentes formas do
saber, que dependerão da forma com que os sujeitos se relacionam com o mundo:
“não há saber senão organizado de
acordo com relações internas, não há saber senão produzido em uma “confrontação
interpessoal”. Em outras palavras, a ideia de saber implica a de sujeito, de relação
do sujeito com ele mesmo (deve desfazer-se do dogmatismo subjetivo), de relação
desse sujeito com os outros (que co-constroem, controlam, validam, partilham
esse saber)” (CHARLOT, p. 61, 2000).
O
saber, portanto, não deve ser entendido como abstração, mas como elemento
prático, carregado de significados subjetivos e sociais, que possibilita que o
sujeito se relacione com o mundo. Nesse sentido, o que chamamos de diferentes
tipos de saber, na verdade são formas específicas de se relacionar com o mundo,
no uso que se faz do saber.
Particularmente,
incomoda dois termos que o autor frequentemente utiliza em seus textos:
instinto e intuição. Esses vocábulos dimensionam conceitos do desenvolvimento
humano pautado numa concepção naturalista, ou seja, como se alguns sujeitos
tivessem potencialidade e outros não ao acaso. Essa fundamentação foi
incorporada, equivocadamente, dentro do construtivismo e corroborou para compreensões
inexatas do por que alguns alunos não aprendem determinado conteúdo, por
exemplo.
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