Buscando
compreender sobre como “aplicar” a Semiótica Peirceana na área com a qual
trabalho, a Matemática, busquei por diversos artigos que pudessem ilustrar
algumas “aplicações”.
Nunca tinha
estudado sobre esse assunto e durante as aulas tive certa dificuldade para
relacionar alguns dos conceitos trabalhos com aspectos matemáticos.
Dessa
forma, apresentarei a seguir algumas coisas que me chamaram atenção em um
desses artigos.
No artigo “Sobre a categorização dos signos na
Semiótica Peirceana em atividades de Modelagem Matemática”[1]
dos autores Lourdes M.Werle de
Almeida, Karina A. Pessoa da Silva e
Rodolfo E. Vertuan, percebemos uma aproximação entre a Semiótica Peirceana,
mais exatamente entre as categorizações fenomenológicas e os níveis de relações
dos signos estabelecidos por Peirce e a Modelagem Matemática como uma
alternativa pedagógica.
Logo na
introdução do artigo, os autores ressaltam a importância da generalização nos
processos do pensamento matemático e nesse ponto já percebemos uma aproximação
com a Terceiridade. Além disso, os autores também pontuam a possibilidade do
estudante “desenvolver a sua capacidade
de generalização quando envolvido com a resolução de situações-problema, que,
de modo geral, não são resolvidas por meio de procedimentos pré-definidos e
cujas respostas não são, de antemão, conhecidas”, ou seja, de atividades
relacionadas à Modelagem Matemática.
Com relação a “Signo”, os
autores, baseados na Semiótica Peirceana, entendem esse como uma coisa que
representa outra coisa, sendo essa outra coisa o objeto em si. Dessa forma, o
signo “existe somente se puder
representar, substituir algo diferente dele, pois o signo não é o objeto”. Já
relacionando com o contexto matemático, os autores apresentam como exemplos a
palavra “função exponencial” a qual pode ser representada por uma expressão
algébrica ou por um gráfico no plano cartesiano, por exemplo.
Com relação às categorias fenomenológicas, os
autores recorrem a Farias (2007)[2]
para trazer exemplos do contexto matemático. Dessa forma, temos, segundo os
autores, que:
- A Primeiridade pode
ocorrer quando o estudante visualiza pela primeira vez na lousa, o registro
gráfico de uma função sem fazer referências a nada, somente ao traçado registrado.
- A Secundidade quando
o estudante vê o registro gráfico na lousa e, imediatamente, relaciona-o a um
objeto matemático. [...] ao visualizar o registro gráfico de uma parábola,
associa este gráfico com o objeto matemático ‘função do segundo grau’.
- Considerando a
situação do gráfico apresentado na lousa, [...] o estudante está no caminho da
Terceiridade quando seu olhar para o traçado está carregado de interpretação,
de busca de explicação, de análise e generalização, de modo que ele poderá
interpretar o dado traçado que corresponde ao objeto parábola de acordo com uma
suposta lei ou conceito matemático.
Os autores
utilizam Duval (2006)[3]
para exporem um dos motivos para a grande dificuldade que alguns apresentam em
Matemática. Sendo este um domínio em que podem ser utilizadas diferentes formas
de representação semiótica, a heterogeneidade semiótica dos diferentes sistemas
utilizados nesse domínio é a responsável por muitos problemas relativos à
aprendizagem da Matemática sendo muito difícil para alguns passar de um tipo de
representação a outro.
Ao associar
o desenvolvimento da atividade de investigação com às categorias
fenomenológicas e aos níveis de relações identificados para os signos, os
autores explicam que tal desenvolvimento abrange uma “qualidade” (um fenômeno),
uma “reação” (a identificação de um problema e a definição de metas de
resolução) e uma “representação” (associada à solução para o problema
identificado).
Segundo os
autores “a Primeiridade diz respeito ao
primeiro contato dos alunos com a atividade, no momento em que identificam a
situação-problema que pretendem investigar. [...] a Secundidade está
relacionada com a formulação do problema e a definição de metas para sua
resolução, com a existência de algo para ser estudado. [...] a Terceiridade
está relacionada com a obtenção e dedução do modelo matemático, com a
interpretação dos resultados matemáticos e sua validação em confronto com a
situação real”.
No momento seguinte, os autores
apresentam uma atividade como referência, o que acho que não convém ser aqui exposto
uma vez que ficaria específico demais, o que não é a intenção.
Espero que
possa ter contribuído, principalmente para com meus colegas da área de exatas.
E para os demais colegas, caso haja alguma dúvida, estou a disposição para
qualquer esclarecimento.
Aproveito
essa última postagem para agradecer a contribuição de todos os colegas e
principalmente do professor.
Beijos e
Abraços a todos....
[1]
Disponível em: <http://www.scielo.org.ar/pdf/reiec/v6n1/v6n1a02.pdf>.
[2]
FARIAS, M. M. do R. (2007). As
representações matemáticas mediadas por softwares educativos em uma perspectiva
semiótica: uma contribuição para o conhecimento do futuro professor de Matemática.
2007. Dissertação (Pós-Graduação em Educação Matemática) – Universidade
Estadual Paulista, Rio Claro.
[3]
DUVAL, R. (2006). Quelle Sémiotique pour
l’analyse de l’activité et des productions mathématiques?. RELIME, Distrito
Federal, México, número especial, p. 45-81.
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