segunda-feira, 10 de novembro de 2014

CONSIDERAÇÕES SOBRE A DISCIPLINA “ENTRE OS SABERES DOCENTES E OS APRENDERES DISCENTES”

CONSIDERAÇÕES SOBRE A DISCIPLINA “ENTRE OS SABERES DOCENTES E OS APRENDERES DISCENTES”


ROSILENE FIGUEIRA MIRANDA


            Lembro-me do primeiro dia de aula da disciplina, tinha lido os textos, e confesso que achei complexo. Na realidade não entendi muita coisa. O professor começou a aula dando informações sobre a disciplina, entrou no assunto da Semiótica. Já tinha ouvido falar alguma coisa a respeito, mas muito pouco, e como não tinha conhecimento do assunto, achei complicado. No entanto, fiquei um pouco mais tranquila quando o professor disse que ao final da disciplina entenderíamos melhor o que Peirce havia escrito em seus textos.  Até o final da aula estava vislumbrando uma luzinha no fim do túnel, mas muito fraquinha.

            Mas mesmo assim, senti que não poderia desistir da disciplina, e não era pelos créditos. Eu precisava saber mais sobre o assunto. Fiquei tomada pela curiosidade, e precisava saber a relação de tudo isso com a educação. E isso foi acontecendo no decorrer das demais aulas. Na segunda aula a luzinha no fim do túnel começou a ficar um pouco mais forte, consegui entender um pouco mais sobre a Semiótica, o método Pragmático de Peirce, e o texto de Charlot “ A mistificação pedagógica: as formas contemporâneas de um processo perene – prefácio à nova edição brasileira. in _________. A mistificação pedagógica: realidades sociais e processos ideológicos na teoria da educação. São Paulo: Cortez, 2013. P. 33-50.”, começou a fazer sentido quando reli, após a segunda aula. Bem como as demais leituras da disciplina.

            A aula que teve a contribuição de Eliane Gomes da Silva colaborou para esclarecer mais pontos, pois de forma simples, atrativa, ela nos mostrou várias coisas, e muitas vezes pequenos detalhes, mas que fazem a diferença, que acontecem num ambiente escolar, e que passam despercebidos, que vários professores agem de maneira automática, sem analisar o objeto principal de sua aula. Não prestam atenção nos alunos, ignoram seu meio social e cultural, acreditando na fixação da crença de que sempre fizeram assim, em relação às atividades, avaliações, etc., e acomodados nessa crença, não duvidam, não fazem perquirições sobre sua prática, tornando, dessa forma, um saber estratificado. E isso não colabora para as aprendizagens significativas dos alunos.

            Eliane iniciou a aula com uma frase de Peirce muito intrigante: “ Um sistema em colapso caminha para frente”. E uma outra de dois professores que também seguem o método de Peirce, “O caminho tortuoso só faz sentido se nos levar a uma conduta futura”. O caminho só faz sentido se for através de novas experiências na perspectiva de Peirce. Os semióticos peircianos vão a campo estudar, trabalham com o fenômeno bruto, por exemplo, se for com crianças com problemas, eles vão até elas e ficam juntos. Não estudam o problema de forma isolada. Ao contrário, interagem com o fenômeno. Ou seja:
                                                                             


            Ao observar algo novo, ele é singular, senão observar e conviver, não se pode simplesmente “achar” nada sobre ele. É preciso “atentar para”, pois cada relação pedagógica é única, não é como uma réplica. Ao “ver” e “atentar para” não devemos emitir um juízo de valores.

            Os alunos, os conteúdos e o contexto mudam de posição e o professor também precisa mudar. Caso o professor não muda de posição não entenderá o fenômeno, nesse caso, o aluno. A partir da Semiótica é exigido um novo olhar para a relação professor e aluno. A linguagem corporal, sensitiva, o toque intermediário pelo conteúdo das disciplinas. Trazer os conteúdos para os alunos é o concreto, o conhecimento que está nos livros e nas mentes dos professores exteriorizados para os alunos. No entanto, os alunos podem gostar do que o professor propôs ou irem além do proposto.
            Não podemos ficar estagnados, é preciso modificar, ressignificar os conteúdos. Os alunos são singulares, tem desejos, trazem experiências vividas, relações com o saber, por outro lado, o professor também, além disso de trazerem essas peculiaridades como os alunos, trazem, também, saberes (conhecimento). Dessa forma, precisamos analisar os resultados das ações que fazemos, e isso é complexo, difícil. 

            Então, para a Semiótica a aprendizagem é o processo de aquisição de conceitos e de modificação de condutas, conduta crítica e autocrítica. Sem a Pedagogia não tem como mudar o conduta.

            Segundo Mauro Betti, o professor constrói muito do seu saber exercendo a sua atividade de docência, precisamos voltar a pensar e relacionar aluno, saber docente e aprendizagem. É preciso tentar entender o que acontece no interior da escola, quando aparecem novas reformas na educação, é necessário trazer dados gerados por caminhos científicos, método peirciano. O aluno não pode desaparecer no social e a sociedade valorizar só o produto.

            Por fim, encerro minhas considerações com uma observação, no último dia de aula na apresentação do trabalho sobre a tese de um dos grupos, quando disseram em determinado momento que a autora da tese numa certa ação estava na terceiridade, fiquei na dúvida, ou melhor, não consegui identificar elementos que comprovassem a terceiridade, mas como não tinha lido a tese acabei por não perguntar ao grupo, mesmo porque, há também a possibilidade da autora “achar” e o grupo não era responsável por isso. Com isso pude verificar que a respeito do que o professor disse no primeiro dia de aula, que até o final da disciplina estaríamos compreendendo melhor, tinha acontecido.

           




              

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