segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Reflexões acerca da pesquisa-ação realizada por Mafalda Nesi Francischett.

Por meio deste texto, gostaria de explicitar um pouco mais sobre  o trabalho de pesquisa-ação feito por Mafalda Nesi Francischett, tese que apresentamos em nosso seminário. Primeiramente, acredito ser importante esclarecer que ao definir a pesquisa-ação, Franco(2005) afirma que em suas origens, a pesquisa-ação pode ser considerada como sendo uma investigação que rume à transformação de determinada realidade. Ainda se caracteriza por contar com a participação dos sujeitos da pesquisa para pensar na constituição do processo em que estão envolvidos. Ressalta também que a avaliação do processo é realizada durante toda a pesquisa e que todos os esforços desprendidos no trabalho de pesquisa-ação visam à pesquisa em ação e a transformação.

Sobre a tese “A cartografia no Ensino de Geografia: a Aprendizagem Mediada”

Francischett(2001) no esclarece que ao realizar o trabalho, procuraram reconhecer a dinâmica da ocupação do espaço geográfico, por meio do estudo de situações cotidianas e, assim,  através das representações cartográficas (maquetes e mapas), possibilitar reflexões e mudanças no ensino da Cartografia no Curso de Geografia. Para tal investigação, foi planejo e realizado juntos aos alunos e professores, um cronograma de atividades perfazendo um total de 40 horas/aula. Inicialmente, foram trabalhadas algumas categorias da geografia para possibilitar a construção metodológica na discussão dos fenômenos espaciais.
Foram compostos grupos de trabalho em que os participantes procuraram escolher um lugar e ou objeto comum de investigação à serem desenvolvidos no projeto, através dos interesses em comum do grupo. Os projetos foram desenvolvidos de maneira teórica e prática, teórica apresentada por escrito e, a prática através das maquetes. Para a construção das maquetes foi fundamental aos grupos desenvolver a criatividade, capacidade de percepção, habilidade manual, dentre outras. Segundo Francischett(2001), em seu processo de pesquisa, o aluno tornou-se agente do seu próprio conhecimento.
A pesquisadora realizou um colóquio no intuito de expor e discutir os trabalhos feitos pelos alunos, com a presença dos professores participantes e ativos no projeto. Desta forma, afirma Francischett(2001) que foi possível realizar uma avaliação do processo por debater os objetivos e os resultados atingidos até então. Como resultado, as falas, opiniões e sugestões dos participantes da pesquisa foram transcritas na íntegra, no intuito de legitimar ainda mais sua pesquisa como uma pesquisa-ação.
Uma das características da pesquisa-ação também pode ser observada pelo fato de Francischett(2001) realizar junto aos participantes, no transcorrer da cada etapa e/ou atividade, avaliações diagnóstica contendo como tópicos de análise, o tema do trabalho, a avaliação do processo grupal de produção e a metodologia de trabalho realizada.
Na etapa de avaliação, tão importante à pesquisa-ação, pode ser percebida nas falas dos professores, certa resistência, pois afirmavam estar com pouco tempo para participarem do projeto. Além disso, Francischett(2001) afirma ter ficado explícita a inexperiência pedagógica dos docentes no sentido de trabalhar em conjunto. Por parte dos alunos, a autora notou haver uma insegurança em relação à possibilidade de não conseguir contemplar os conteúdos necessários para a execução do projeto.
O término do trabalho se deu com a exposição pública das maquetes em um evento chamado EXPROCARTO, onde foram apresentadas 12 maquetes, com a  participação de 70 alunos, 8 professores do curso de Geografia e a presença do público de 341 pessoas.
Francischett(2001) afirma que a pesquisa acabou por demonstrar a importância do trabalho grupal, principalmente entre alunos e professores. Afirma a autora que esta prática de construir um projeto juntos, extrapolou o sentido da construção das próprias maquetes. Principalmente, resultou em reflexões e transformações no modo de pensar a educação na universidade e a profissão do geógrafo.
Portanto, podemos concluir que o trabalho realizado por Francischett(2001) mostrou-se importante aos estudantes e professores de geografia e caracterizou-se como uma pesquisa-ação pelo fato de ter sido construída e avaliada processualmente e junto aos participantes, além disto, realizou a mais importante característica da pesquisa-ação – a transformação da realidade dos sujeitos.

Referências:

FRANCO, Maria Amélia Santoro. A Pedagogia da pesquisa-Ação. Educação e Pesquisa. Revista da Faculdade de Educação da USP. Vol.31, fascículo 3.. p. 483-502. dez.2005.São Paulo 2005.
FRANCISCHETT, Mafalda Nesi. A Cartografia no Ensino de Geografia: a aprendizagem  mediada. (Tese de doutorado). Faculdade de Ciências e Tecnologia – UNESP , Presidente Prudente, 2001.

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