sábado, 8 de novembro de 2014





          RELATO DE UMA EXPERIÊNCIA

Maria Ângela Rubini

Fechando os trabalhos na disciplina “Entre os Saberes Docentes e Aprenderes Discentes; questões teóricas e metodológicas”, apresentamos a Tese “A CARTOGRAFIA NO ENSINO DE GEOGRAFIA A APRENDIZAGEM MEDIADA”, da autora Mafalda Nesi Francischett, para os alunos da disciplina acima citada, sob coordenação do Prof. Mauro Betti.
A presente Tese, relata a construção de uma proposta metodológica de ensino-aprendizagem da Geocartografia no Ensino Superior, respaldado na metodologia da Pesquisa-ação. Articulando o uso de signos e da semiótica no campo da linguagem, destacando a teoria de Charles Peirce e a importância da mediação, fundamentada em Vygotsky, a autora desenvolveu um trabalho com a representação cartográfica através da construção de maquetes, tendo como principio condutor, a comunicação. Para a semiótica a maquete é um aspecto da realidade, ela não representa fielmente a realidade, mas se aproxima, faz a mediação com detalhes não vistos em outra forma de representação.
A pesquisa foi desenvolvida com alunos do segundo ano (1998/1999), do curso de Geografia da UNIOESTE, Campus de Francisco Beltrão-PR. A autora relata que ao apresentar, os objetivos e metodologia do trabalho aos alunos, a reação foi de grande interesse, curiosidade e disponibilidade ao desafio proposto.
Os alunos escolheram eixos temáticos para o desenvolvimento da pesquisa e apresentaram pré-projetos que foram expostos e discutidos em grupos, recebendo contribuições dos colegas e dos professores. Esses projetos tiveram dois assuntos em destaque. Um ligado a área do ecoturismo, aproveitando o potencial local e ampliando as fontes de renda da região; O outro assunto foi à necessidade da formação, atendendo a exigências do mercado de trabalho, sendo a maior preocupação de todos os alunos, a questão da capacitação e reconhecimento profissional.
Definidos os assuntos, a fase de formação dos grupos e discussões sobre o tema escolhido, foram marcados por diferentes idéias, euforia e angustia que aos poucos foram cedendo lugar a composição das equipes. Formaram-se 12 grupos que permaneceram até o final.
A pesquisa-ação envolve pesquisador e pesquisados, criando uma relação de cumplicidade, onde o professor procura compreender a visão que o aluno tem do conhecimento e refletem sobre “o que fazer” numa relação dialógica. Essa metodologia possibilita um trabalho coletivo em que a fragmentação do ensino-aprendizagem e o abismo entre teoria e prática, cedem lugar a pesquisa interdisciplinar dando sentido a práxis.
Durante a pesquisa ficou claro que o aluno é o que menos rejeita as mudanças, os professores resistem mais, tiveram dificuldades em aceitar e confessaram ter entendido o objetivo do trabalho, ao término dele.
Para a maioria dos docentes, a avaliação dos discentes foi realizada ao final do processo. Essa atitude causou revolta em um aluno, que dentre outros, confessou não estar satisfeito e quando lhe foi proposto conversar com o professor, ele respondeu: “Discutir é perda de tempo”. O professor por sua vez comentou: “Isso que dá dar abertura para o aluno...”. Alguns deixaram claro que a autoridade de avaliar lhes cabe e isso não é discutível com o aluno, fato que colocou em risco toda a relação de confiança construída até ali.
Mesmo com esses percalços, o aluno continua na universidade, pois é nela que está a possibilidade de superação da realidade em que vive.
Ao iniciar os trabalhos, a autora relata que não imaginava a repercussão que traria ao ensino da Cartografia. Houveram muitos desafios a serem vencidos, mas a proposta provocou mudanças, principalmente aos que se mostraram favoráveis a superação das fragmentações entre as disciplinas e as barreiras entre teoria e prática. Não foi possível “controlar” a amplitude que cada trabalho alcançou, pois os alunos foram convidados para assessorar projetos em diversos municípios.
Feita a apresentação resumida da Tese aos alunos da disciplina, “Entre os Saberes Docentes e Aprenderes Discentes; questões teóricas e metodológicas”, apresentamos duas maquetes representando terrenos urbanos e diversas caixinhas representando casas e prédios. Pedimos para a sala se dividir em dois grupos e cada qual deveria discutir e organizar as maquetes, segundo critérios escolhidos no coletivo.

As discussões sobre "o que fazer" e "como fazer".
GRUPO A


GRUPO B


O grupo A, representou um Campus Universitário.


O grupo B, representou um condomínio de alto padrão.

Os Trabalhos


Percebemos uma participação efetiva entre todos os componentes do grupo. Discutiram as possibilidades “do que” e de “como” representar, algumas regras que cada ambiente exige para sua liberação legal, etc. Utilizaram pinceis para mudar a estrutura das construções, os lápis viraram postes e suportes, papeis recortados deram formas a árvores, piscinas, placas, flores, portal, pessoas, etc.
A pesquisa-ação é organizada de modo participativo com a colaboração de todos, identificando os problemas e buscando soluções, numa comunicação horizontal onde pesquisador e pesquisados superam a dicotomia dos diferentes saberes. Para Freire (1996), “Quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender.”


Referências:

FRANCISCHETT, Mafalda Nesi. A Cartografia no Ensino de Geografia:a aprendizagem mediada, na Faculdade de Ciências e Tecnologia – UNESP – Campus de Presidente Prudente / Mafalda Nesi Francischett. – Presidente Prudente: [s.n.], 2001. 219p.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia Saberes Necessários à Prática Educativa. Publicação original: 1996. Ano de digitalização: 2002. Disponível em:




Trabalho apresentado na disciplina “Entre os Saberes Docentes e Aprenderes Discentes; questões teóricas e metodológicas”, pelo grupo composto por: Fernanda Gomes, Maria Ângela Rubini, Natália T. Ananias, Rafael Rossi, Renata C. Bezerra e Tatiane Felix.
    

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