segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Lógica e Percepção – um caso da experiência de Peirce



 “O objetivo de raciocinar é descobrir, a partir da consideração do que já sabemos, algo que não sabemos”. (C.S.Peirce, 1972,p.73)

            O contato mais sistematizado com o conteúdo da Semiótica por intermédio da disciplina “Entre os saberes docentes e os aprenderes discentes” ministrada pelo Prof. Dr. Mauro Betti, me levaram raciocinar sobre o fascínio que o assunto provocava em mim nas vezes que me via envolvida com as atividades de acadêmicos e pesquisadores no tema, desde os idos de 2005, quando pude participar do I Encontro de Semioticistas em Brasília, como colaboradora em uma exposição fotográfica referente ao um trabalho sobre mídia e índios em Roraima do meu amigo e também semioticista, Mauricio Zouein e depois em muitas outras atividades onde pude conhecer grandes nomes da Semiótica como Irene Machado, Isaac Iasbeck e o grande Mestre Floyd Merrell.
            Dentre as varias leituras e buscas para aprofundar algum conhecimento sobre a Semiótica de Charles Sanders Peirce e poder contribuir com algum conteúdo, dentre elas a trajetória deste autor onde se depara como foi iniciado no método da detecção e a argumentação. 
            Ao considerar que o objetivo de raciocinar é descobrir, segundo as palavras do próprio Peirce, o assunto da lógica como método da investigação científica tem como hipótese fundamental é que “existem coisas reais, cujos caracteres são inteiramente independentes de nossas opiniões acerca delas; essas realidades afetam nossos sentidos segundo leis regulares e, embora nossas sensações sejam tão diferentes quanto o são nossas relações com os objetos, contudo, aproveitando das leis da percepção, podemos averiguar pelo raciocínio como as coisas realmente são, e qualquer homem, se possuir suficiente experiência e raciocinar o bastante sobre o assunto, será levado à conclusão verdadeira.”Peirce, 2008. P. 14)
            Tem-se no testamento de Sylvia Ann Howland em 1867, um caso celebre para a época, o testemunho aportado pelos Peirce, o matemático Benjamin e seu filho Cherles, como o cerne da sua conclusão. O assunto consistia em saber se as firmas de Miss Howland que apareciam nas duas copias da “segunda página” de um testamento anterior eram verdadeiras ou foram falsificadas e se fossem verdadeiras se o codicilo inviabilizava o testamento posterior que não era favorável a uma sobrinha de Howland, Hetty H, Robnson. Charles S. Peirce examinou fotografias de quarenta e duas firmas pelas coincidências que apresentavam na posição de suas trinta exposições. Em 25830 comparações diferentes encontrou 5325 coincidências, segundo a qual a freqüência relativa das coincidências era inferior a uma quinta parte. Aplicando a teoria de probabilidades, seu pai Benjamin calculou que uma coincidência nas firmas verdadeiras tão perfeitas como a que dava entre as do testamento, ou entre qualquer delas e as do testamento em questão só se daria uma vez a cada cinco de trinta comparações. O Juiz do caso não estava preparado na teoria de probabilidades e ajuizou contra Miss Robinson inviabilizando o testamento. A versão mais detalhada do episódio “e a única publicada até o momento, apareceu em um ensaio intitulado “Guessing”, escrito durante a primavera de 1907”(Fisch, 1987, p. 9).   
            Para Peirce, a probabilidade é uma quantidade contínua que liga dois opostos: a necessidade e a impossibilidade.  Diz que “a vantagem do tratamento matemático não vem tanto do contar, mas do medir, não tanto da idéia de número, mas mais da idéia de quantidade contínua”(...) “a teoria da probabilidade é simplesmente a ciência da lógica tratada quantitativamente [...] os números um e zero são apropriados para, neste cálculo, marcar esses extremos do conhecimento, enquanto nas frações, possuindo valores intermediários entre eles, indicam, vagamente dizendo, os graus que a evidência empresta a um ou ao outro extremo”(p. 69 in: introdução: Kinouchi, 2008, p. 17)
            A expectativa deste breve comentário é de trazer para o universo do Blog mais uma entrada para as muitas passagens do labirinto, segundo Carl Hausman(1993) que a filosofia de Charles S. Peirce oferece e, também abordar a sutil e impactante dessa perspectiva da lógica, enquanto essência matemática, no caminho da investigação científica.
            Aproveitar o ensejo e manifestar a grandiosa oportunidade da vivência entre os colegas da turma e o professor de tão interessante disciplina o que se traduziu em experiências e semioses que perdurarão ao longo dessa caminhada.
Abraços em tod@s,
Elena C. Fioretti

Bibliografia:
Peirce, Charles S. Semiótica e Filosofia. Trad. Octanny Silveira da Mota, Ed. Cultrix, S. Paulo, 1972.
Peirce, Charles S. Ilustrações da Lógica da Ciência. Ed. Ideias e Letras, S. Paulo, 2008
Hausman. C. R Charles Sanders Peice’s evolutionary phylosophy, 1993. Intorduçao de Kinouchi, Renato R. in:Peirce, Charles S. Ilustrações da Lógica da Ciência. Ed. Ideias e Letras, S. Paulo, 2008
Sebeok Thomas A. e Sebeok Jean U. Sherlock Holmes y Charles S. Peirce – el método de la investigación. Traducción de Loudes Güell. Ed. Paidós, Barcelona, 1987

Fisch, Max H. in: Prefácio de: Sherlock Holmes y Charles S. Peirce – el método de la investigación. Traducción de Loudes Güell. Ed. Paidós, Barcelona, 1987

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