No desempenho da função como supervisora de
ensino da Secretaria do Estado de São Paulo tenho acompanhado as escolas
estaduais e particulares e observado que os alunos estão cada vez mais
desinteressados da escola e daquilo que ali lhe é proposto como atividade.
Observamos também o fato que as
crianças pequenas são mais interessadas. Elas têm um motivo para ali estar e
querem alcançar um resultado. Em outras palavras, elas desejam conhecer mais.
Segundo o professor Charlot (2014), a escola atua entre o motivo e o objetivo,
tanto no que se refere ao significado que tem relação com o coletivo, quanto ao
sentido que é individual. O professor
dessas crianças fará propostas que ajudarão esses alunos alcançar suas
intenções. Nesse processo é estabelecido um vinculo entre professor e aluno em
prol da aprendizagem de, da humanização e da socialização.
No entanto, constatamos que com
o passar do tempo ocorre alterações nesse sentido e significado e os alunos a
cada ano escolar diminuem o interesse. Quando os alunos chegam ao Ensino Médio explicitam
isso para toda a sociedade e para todos os educadores. Já presenciamos diversas
vezes cenas de alunos que chegam na escola uniformizados e com material na mão,
mas não entram para a classe, alegam que não querem estudar e simplesmente vão
embora.
Parece-me que chegou o momento
de questionarmos até que ponto os conteúdos / competências / habilidades que a
escola teima em ensinar são importantes para esses jovens? Para o professor
Charlot (2014) podem até ser relevantes, no entanto, não são úteis para esses
alunos.
Dessa forma, segundo o professor
Charlot (2014), a função da escola como socializadora e humanizadora precisa
ser reformulada para atender a todas as crianças e jovens fazendo com que surjam
desejos / sentidos ampliando as possibilidades para que o saber seja encarado
como objeto de desejo.
Diante disso, acreditamos que é
o momento de uma reformulação também nos cursos de formação para professores, nas
licenciaturas, uma vez que a necessidade atual é de um professor que não seja
tradicional, mas que ensine a buscar informação... e que ensine os alunos a
pensar, conforme nos ensinou Charlot (2014).
Referência Bibliográfica:
CHARLOT, B. Da relação com o saber: elementos
para uma teoria. Porto Alegre: Artmed,
2000.
FREIRE, P. Pedagogia da autonomia:
saberes necessários à prática educativa. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1996.
Rosangela
Aparecida Galdi da Silva
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