Faça uma
análise do texto de Bernard Charlot a seguir referido, a partir das noções de
“crença” e “dúvida” e do “método científico (abdutivo-indutivo)” de Charles S.
Peirce. Poste sua análise no blog.
Charles S. Peirce aponta algumas questões
sobre noções de crença e dúvida e método científico (abdutivo-indutivo).
Inicialmente as noções de crença e dúvida
a partir da semiótica demonstram a necessidade de colocar em dúvida as nossas
crenças e gerar reflexões sobre elas, para evitar que se transformem em dogmas
e para que possam contribuir no surgimento de novas formas de se pensar sobre
as coisas.
A relação feita com as noções acima e o texto de
Charlot se explicita nas mudanças das questões centrais de sua investigação que
ocorreram ao longo das reedições do texto: A
mistificação pedagógica: realidades sociais e processos ideológicos na teoria
em educação.
Fica evidente que o
autor coloca em dúvida suas crenças ao longo dos anos em que pesquisa sobre a educação.
Suas crenças são colocadas em dúvida após pesquisas que realiza, e a partir das
próprias mudanças no mundo, que o fazem repensar sobre suas investigações.
Inicialmente, Charlot
se indaga porque republicar o livro 38 anos depois de ele ter sido escrito.
Explica que depois de mais de 30 anos pesquisou bastante, publicou outros
livros, e que felizmente não passou a vida toda repetindo a mesma coisa. O autor
diz o mundo mudou, as formas de militância também e que os marxistas de sua geração
e das seguintes proporcionaram reflexões a outros temas e questões. (p. 35).
A ideia sobre a crença e a dúvida
fica clara a partir de sua análise bibliográfica sobre A mistificação pedagógica: realidades sociais e processos ideológicos
na teoria em educação.
No final dos anos 1970 e início dos anos
1980, o autor analisava a partir de uma perspectiva
sociológica e histórica, o vínculo entre educação e divisão social do
trabalho.
Em seguida
desenvolveu pesquisas sobre a relação com o saber (do fato de aprender, do que
se aprende, da escola) e que caminharam para uma reflexão “mais” antropológica.
Ou seja, apesar de em
1975 o estudo das questões do sentido e do Homem ficarem excluídas, pois o
autor achou serem ideológicas, no final
dos anos 80 e início dos 90, estas questões voltam a ser centrais.
O próprio autor
questiona-se: conversão, ruptura? Poderia até ser, já que o pesquisador,
segundo suas próprias palavras, tem o direito a pesquisar e, portanto mudar de
rumo. Mas, de fato, tratou-se de um prolongamento do que já era postulado,
esboçado e até formulado em A mistificação
pedagógica: realidades sociais e processos
ideológicos na teoria em educação. (p. 46)
Atualmente Charlot
considera que não se pode pensar a educação sem levantar ao mesmo tempo a questão
da desigualdade social, a do sentido, a da atividade e indo até o fim do
caminho do sujeito e do seu desejo.
Defende que a problemática
pedagógica não pode ser a da natureza humana, já discutida em A mistificação pedagógica, mas ressalta
que é preciso reintroduzir a questão antropológica, assim como apontou no
início dos anos 1980.
Por fim, o texto de
Charlot nos faz repensar sobre o papel do pesquisador. É necessário refletir
sobre suas investigações e ser flexível a mudanças para que suas crenças não se
transformem em dogmas, permitindo que novas “semioses” possam acontecer.
Fernanda Gomes Françoso
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.