Tarefa – Análise – texto
Bernard Charlot
Rosenei
Cristina R. V. Alves
Na apresentação do prefácio da nova edição brasileira do livro "A mistificação pedagógica:
realidades sociais e processos ideológicos na teoria da educação",
Bernard Charlot reforça o conceito de mistificação pedagógica dizendo da
atualização da expressão através de modernas formas de termos ilusão com o fazer e o pensar da
pedagogia. Insiste na preocupação na relação da educação com a reprodução das
desigualdades sociais, ou melhor, na questão de se considerar uma pedagogia
social. Nas suas palavras: “(...) um discurso generoso que desliza na realidade
da educação, sem mudá-la” (CHARLOT, 2013, p. 37) e ainda “silenciar as
realidades sociais, encobrir as desigualdades, aceitá-las implicitamente e,
muitas vezes, legitimá-las” (idem, p. 38)
Charlot entende, ainda, que os paradigmas ligados à utilização da
informática educacional e as explicações da neurociência (neuroeducação) como
contribuições para validar ou melhorar as aprendizagens ou as metodologias de
ensino, podem caminhar no sentido de se tornarem novas mistificações
pedagógicas no caso de não “pensar a educação sem levantar, ao mesmo tempo a
questão da desigualdade social” (CHARLOT, 2013, p. 47).
Ao longo deste escrito temos grandes contribuições para nossa reflexão
sobre a mistificação pedagógica. Desta forma, com base nos estudos da semiótica
de Charles S. Pierce, podemos dizer que a afirmação de Charlot sobre a crença
na natureza humana (que ele reafirma neste prefácio) precisa ser colocada em
dúvida para avançar na ideia de que não há natureza humana, nem natureza
infantil. O ser humano é essencialmente social, ele se constrói no social. Para Bernard Charlot o que temos é uma
condição humana e uma condição infantil. A concepção desenvolvida pelo autor
nos remete ao processo do pensamento científico. No senso comum, nos parece afirmativo
a ideia de natureza humana, entretanto trata-se de um processo ideológico na
teoria educacional.
O sentido de crença e dúvida (cf. Pierce) pode atribuir um dinamismo ao método
científico no sentido de proporcionar ao sujeito a possibilidade de não ficar a
serviço de visões ilusórias da realidade, até por que crenças nos levam a reprodução
do contexto, comportamental, de conduta ou educativo em que nos encontramos. Observamos
que Pierce teorizou que o pensamento não pode estagnar-se, todavia vai
avançando de acordo com as hipóteses que são superadas, sempre buscando
melhorar a compreensão de um fenômeno. Podemos dizer que o pensamento educativo
necessita rever crenças e elaborar outras mais adequadas à realidade. Entendemos
que o método científico (abdutivo- indutivo) tem muito a contribuir neste
sentido, como maneira de conduzir as inteligências para seu crescimento. A aprendizagem
aqui é vista como um processo evolutivo do pensamento que pode ser considerado
como uma cadeia de signos, que pode alcançar crenças arraigadas levando-os a
sensação de dúvida. Ela nos exige a quebra de hábitos e é um estímulo para a
investigação.
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