Palestra do
prof. Charlot - Prefácio trabalhado em aula
Mestrando: João
Ferreira Filho
Bernard CHARLOT. A mistificação pedagógica: realidades
sociais e processos ideológicos na teoria da educação. Prefácio à nova
edição brasileira, revista e ampliada. Tradução de Maria José do Amaral
Ferreira. Cortez Editora : São Paulo. 2013
O professor Charlot iniciou sua
fala salientando o distanciamento que existe entre a teoria e a prática. O que
se reflete na teoria está longe do que se observa na prática das escolas. O
mesmo acontece quando se que fala no processo pedagógico ou na pedagogia e,
assim trata-se igualdade a escola pública e a escola particular sem se dar conta
de suas especificidades e objetivos. O que se deve levar em conta para se
formar um médico não é o mesmo que se deve levar para formar um arquiteto!
Num parênteses o professor Charlot
deixou claro que quando se refere a Ideologia o faz na óptica da dialética
marxista.
Historicamente se observa:
A pedagogia jesuítica tinha que a criança
é corrupta por si só, mas também é a infância é fase mais fácil de tirar se da
corrupção. Para isto basta disciplina. Percebe-se que a Pedagogia era vista fora
das questões sociais.
Com a nova pedagogia, ou no falar
de Charlot, Pedagogia nova, se tem o espírito da Igualdade das oportunidades –
todos tem que ter a chance de chegar ao topo. O problema é que esse pensamento incorpora
a desigualdade social e o legitima. Esse o pensamento usado pelos dominantes
para encobrir a realidade com a falsa ideia de igualdade de chances.
Sabemos que a escola não é só o
lugar para adquirir o conhecimento, mas também de socialização. Os sujeitos vão
à escola para conversar, trocar informações, travar relacionamentos afetivos e
amistosos.
Em seguida o professor Charlot
diferencia posição social objetiva e posição social subjetiva em relação à
educação familiar. Posição social objetiva: quem cuida da educação da criança é
o irmão; posição social subjetiva: cumpro dentro de minha cabeça.
Há uma celebre frase de Sartre que
diz: “o que faço com o que a sociedade fez de mim”. Isto tem a ver com o que eu
penso do mundo, como interpreto o mundo e assim por diante.
Qual é a causa do fracasso
escolar?
Não se tem uma causa, há uma série
de fatores que desenvolvem o fracasso escolar. No texto Charlot diz que no
livro irá tratar de três assuntos que dizem especialmente sobre a educação
brasileira: 1) a relação entre a pedagogia tradicional e a pedagogia nova; 2) a
“neurologia” e a “informática” que tendem a ocupar o palco da pedagogia com
certa soberba e, 3) o neoliberalismo que legitimou uma forma de cinismo social
que se superpôs à mistificação (CHARLOT, p. 43)
No entanto, diz Charlot que o problema
não é motivar o aluno para leva-lo ao aprendizado, mas de mobilizar, fazer
nascer o desejo. Motivo é resultado / objeto a ser atingido. Há uma série de
operações que me permitem atingir um objetivo.
Devo me perguntar: O que me motiva
a fazer algo?
Faço algo para atingir um fim. Há
muita diferença entre ir a escola para aprender ou ir a escola para passar de
ano. O meu objetivo, a causa final dirige minhas ações, no dizer de Charlot,
motivam meu caminhar.
“As escolas ensinam muitas
respostas de perguntas que não foram feitas” (Charlot). São dadas muitas
respostas que não fazem sentido ao aluno ou sem se demonstrar seu sentido ao
aluno, quando deveríamos partir da questão para chegarmos a resposta. A escola
precisa ensinar o que é útil / importante e mostrando a utilidade do que se
ensina.
“O professor de informações está
historicamente morto”, disse Charlot e a mesma frase aparece em seu texto
quando ele está tratando da “informática”. No contexto Charlot diz que a
informática oferece um vasto e rico recurso de informações que supera em muito
a informação trazida pelo professor, e completa que nosso século (XXI) necessita
“mas que nunca antes como hoje foi tão necessário o professor de saber” (p.
41).
Precisamos entender a importância
do “professor de saber” e, para isto basta percebermos à nossa volta e veremos
que o mundo é essencialmente técnico.
Em seguida o professor abriu a
palavra às questões e ao debate.
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