Com o acesso aos textos
de semiótica que circulam na disciplina observei o uso das palavras pragmatismo
e pragamaticismo. Considerando que esses textos são de conteúdo filosófico
procurei compreender se, se tratavam de diferenças apenas de ordem semântica ou
se conceitos semelhantes ou mesmo que diferenças e sentidos esses conceitos
querem empregar. A partir dessas conjeturas pensei se esse conteúdo seria uma
possível contribuição para desfrutar, pensar e questionar.
Consultando diferentes fontes inicialmente apreende-se
que o termo Pragmatismo constituiu uma escola de filosofia do final do Século
XIX, e surgiu no Metaphysical Club conduzido pelo Lógico Charles Sandres
Peirce, o Psicólogo William James, pelo Jurista Oliver Wendell Holmes Jr e
Chauncey Wriht, estabelecidos nos Estados Unidos. O termo “Pragmatismo” de
autoria de Peirce em 1870 tem seu primeiro registro em 1898, sendo usado por W.
James.
Com a intenção de encontrar nuances
que possam distinguir os termos Pagmatismo e Pragmaticismo sem buscar
aprofundar questões de ordem filosóficas mais profundas é possível considerar
que Peirce deu o título de Pragmatismo as Ciências Normativas “como uma
doutrina lógica ou método para determinar o significado dos conceitos
intelectuais, e, aponta diretamente para a importância da ética (Santaella, 2002,
p.78). O Pragmatismo postula que as teorias cientificas e filosóficas sejam
usadas como instrumento a serem julgados por seus resultados ou fins onde W.
James sugere que a veracidade de uma idéia deve ser considerada em um sentido
instrumental, analisando os resultados produzidos por sua adoção, uma visão utilitária
da verdade. Desta forma a filosofia do Pragmatismo para W. James, seria um meio-termo
entre o racionalismo e o empirismo com uma perspectiva aberta à investigação de
qualquer hipótese, desde que seja capaz de se mostrar concretamente útil. O
pragmatismo não aceita a ciência pela própria ciência. Um estudo só se
justifica s há alguma utilidade social e defende que uma teoria só pode ser
comprovada por suas evidencias praticas, tendo assim semelhanças com o
empirismo. Peirce defende as teorias científicas como conjuntos de hipóteses cuja
validade só pode ser determinada levando-se em conta seus resultados, efeitos e
conseqüências, a prática científica propriamente dita.
A partir de 1905, Peirce passa a
usar o termo Pragmaticismo entendendo que o nome originalmente indicado para
designar sua filosofia estaria sendo usado por “jornais literários” por ele não
aprovado. Por outro lado a questão que distingue o pragmatismo do pragmaticismo
esta no entendimento aos desdobramentos práticos. O pragmatismo daria
relevância apenas às evidências empíricas e às práticas mais vantajosas para o
sujeito individual sendo considerado por ele, então, uma doutrina filosófica
menos exigente que o pragmaticismo que passa adotar, inclusive, ainda, para
evitar que o conceito que empregava fosse psicologizado, como ocorreu com o
pragmatismo após sair do Metaphysical Club .
Ao “substituir o termo Pragmatismo
que segundo Peirce (1983, p. 286), serviu ‘para exprimir algum significado que
lhe incumbia, antes, excluir’, por Pragmaticismo, Peirce (2000), preocupado com
as terminologias, entende que a designação da doutrina termina em ismo,
e o sufixo icismo, por sua vez, assinala um sentido mais rigorosamente
definido”(Zouein, 2009, p. 61).
É
importante considerar ainda que “o pragmaticismo está vinculado a várias
doutrinas peirceanas: o anti-cartesianismo (Santaella, p.1993:26 et. seq.), o
falibilismo, continuísmo [sinequismo] e evolução (CP 1.141 et. seq.), à “dúvida,
crença e hábito” (CP 5.371 e 372), ao realismo (CP 1.161 e Ibri (1992:39-40)) e
também à lógica ou semiótica, cujos vínculos com a fenomenologia são mais
evidentes, ou talvez mais conhecidos, do que nas doutrinas (FRANKENTHAL, 2004,
p.2)”. (Idem, p.62).
Para
Fidalgo (2010), o “pragmatismo, como Peirce o concebe, é um método
lógico-semiótico de clarificação das idéias”. Rodrigues e Reino (2010)
esclarece que “o Pragmaticismo enquanto método, caracteriza-se pela orientação
à conduta que, por conseqüência, se realiza ao se fixar uma crença e apresenta
uma passagem dos manuscritos de Peirce que “pode-se verificar que ‘a crença é
estabelecida quando um hábito estável é formado, envolvendo o estabelecimento
de uma regra de ação’ (CP 5.397)”.
Silveira
alerta que “ao recortar-se com cuidado o objeto do
"pragmaticismo", como doutrina filosófica onde se insere a teoria semiótica,
mais clara fica a insistência
de que é na produção do conceito que a investigação
pretende se concentrar e que é lá que mais plenamente o conceito de signo se
realiza. Assim, em "What Pragmatism is"
(6. 5.428), respondendo ao objetante que se opunha ao fato do pragmaticismo
não pretender voltar-se especialmente para o caráter sensual da experiência do
mundo, Peirce reafirma que: "o pragmaticismo não pretende definir os
equivalentes fenomenais das palavras e das idéias gerais, mas, ao contrário, eliminar seu
elemento sensual, e se empenha em definir seu teor racional, encontrando-o no
porte intencional (purposive bearing) da palavra ou
da proposição em questão" (Silveira, 1989, p.72).
Algumas consultas
Fidalgo, António. O Método pragmatista em Charles
Sandres Peirce, Universidade da Beira Interior, 2010, Portugal.
Rodrigues,
Luciene e Reino, Thaisa. O problema da identidade pessoal no âmbito do
pragmaticismo. Revista eletrônica de filosofia Cognitivo-estudos. Volume 7, no.
2, julho-dezembro, pp. 160-165. São Paulo, 2010, disponível em http://www.pucsp.br/pos/filosofia/Pragmatismo>
Santaella, Lucia. Semiótica aplicada. Ed. Pioneira. São
Paulo, 2002.
Silveira, Lauro Barbosa
da, Charles Sandres Peirce enquanto Semiótica. Revista trans/For/Ação. No. 12.
Pags 71-84. São Paulo, 1989.
Zouein, Mauricio Elias.
Signo Kudiiyada Kayaa: qualissignos de uma transformação cultural. Signo mito
Kudiiyada Kayaa. Dissertaçao de Mestrado. Universidade Católica.Brasília, 2009
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