AZANHA, José Mário Pires.
Uma Ideia de Pesquisa Educacional. São Paulo : Edusp, 1992. Conceito de Método
Leitura
João Ferreira Filho
Na leitura do texto de Azanha
tentarei responder a questão colocada sutilmente por ele no final do parágrafo
inicial da página 181: dentre as regras possíveis, há algumas cujo uso é
distintivo e constitutivo da prática científica?
Primeiro precisamos esclarecer que
Azanha diferencia o ter um método do agir metodologicamente. Ou seja, se tem
um método de ou para fazer alguma coisa, pois método implica ação, fazer, estilo. Seguir um método, uma regra é
uma prática essencialmente social, diz Azanha citando Wittgenstein, porque é o
olhar do outro que avalia. Ainda neste sentido poder-se-ia perguntar se existe
um método específico para a ciência? E na busca da resposta a esta indagação
Azanha exemplifica comparando de um lado a arte e, de outro lago o jogo.
A arte é um saber livre, destituído
de regras rígidas, de normas, ela é a livre expressão do homem, por outro lado
temos os jogos, dirigidos e organizados por regras fixas, claras e rígidas, que
não permitem a criatividade. No entanto há uma terceira e necessária visão que
se localiza entre a metáfora da arte e a metáfora do jogo. A regra serve para
organizar o trabalho, mas não garante o resultado; ela não pode e não deve
engessar o trabalho do cientista, mas apenas organizá-lo, norteá-lo. Ela
precisar dar o espaço para a criação, precisa permitir a verificação dos erros
para se fazer as correções.
Deste modo não entendemos que haja
apenas um método, mesmo porque não há unicidade entre o conjunto das ciências,
mesmo se pensando nas ciências agrupadas em áreas. Assim não tem como se pensar
em uma única regra, o que também não quer dizer que se possa desprezar as
regras já estabelecidas.
Concluindo o texto:
O jogo da
ciência, mesmo sendo local e mutável como é próprio de todas as
práticas sociais, não é um jogo irracional onde vale tudo e até o dogma tem
cabida. A rejeição de um ideal absoluto de racionalidade da ciência apenas é o
abandono de uma ilusão racionalista e o reconhecimento de que diferentes
“formas de vida” podem incorporar diferentes formas de racionalidade. (Azanha,
1992, p. 184)
Quando pensamos no método
percebemos que a escolha deste ou daquele método depende muito mais do objeto
de estudo do que do resultado que queremos, pois este vem à medida que se faz,
ou seja que se aplica o método. “[...] a unidade de todas as práticas científicas
está no seu propósito de busca da verdade” (p.183). é portanto necessário olhar
a prática sem pressuposições, desprovido de “pseudorresultados”.
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