segunda-feira, 16 de junho de 2014

BUSCANDO RELAÇÕES A PARTIR DA PREMISSA DE FLOYD MERREL SOBRE APRENDIZAGEM


Partindo da premissa: aprendizagem é uma questão de interdependência, inter-relacionalidade e interatividade busquei fazer relação com a pesquisa a que me proponho fazer no mestrado acerca da formação de professores. A referida temática refere-se à construção da identidade do professor de escola de tempo integral, considerando-o como profissional, portador de conhecimentos, experiências, habilidades e possibilidades  que o credencia a incorporar na prática pedagógica inovações de estratégias de ensino e aprendizagem para escolas de tempo integral que levem à eficácia escolar através de reflexão sobre e na ação, da pesquisa, da descoberta, do repensar de paradigmas e modelos já consolidados, priorizando uma relação educativa não hierarquizada entre os que ensinam e os que aprendem, fortalecendo sentimento de pertencimento dos que aprendem (CAVALIERE, 2007). Destarte, ao retornar ao texto de Floyd Merrel (2004) trabalhado em aula no início de abril, percebi o quanto esta premissa se encaixa no que se almeja para os processos formativos da docência de escola de tempo integral. Isto ocorre porque esta premissa se contrapõe aos modelos tradicionais dominantes na educação, paradigma do tipo utilitário em que aprendizagem levaria ao sucesso profissional e fruição consequente de bens econômicos. De maneira geral, o autor classifica estes modelos em reducionismo e dualismo. O primeiro ligado ao empirismo, ignora a interdependência e a inter-relacionalidade, estuda o fenômeno por ele mesmo, não prevê que podem vir sensações ainda não sentidas, pressupõe o hábito de coligir as sensações de certo modo. O segundo paradigma,  ligado ao racionalismo, prioriza a mente, excluindo os fatores das sensações recebidas. Os dois modelos não dão conta de abranger os fatos e os valores dos fatos. Neste tocante, a visão de Educação Integral que congrega ações articuladoras do direito ao conhecimento científico, tecnológico e desenvolvimento dos aspectos estéticos e emocionais à vivência de valores humanos, que se traduzam no respeito à diversidade e na construção da história do indivíduo com o outro, pressupõe uma docência que ultrapasse o foco do processo em que se considera tão somente a categoria da terceiridade e se atente aos processos de significação na relação de professor- aluno-conteúdo e, numa segunda instância, relação entre currículo-projeto político pedagógico-gestão, dentro da possibilidade oferecida pelo pensamento triádico  de Peirce em que a primeiridade incorpora  a possibilidade  de tudo o que pode existir, que existe e que poderá existir e a secundidade – a identificação e a terceiridade reconhecendo que algo tem natureza geral. Entretanto, há incompletude quanto ao seu significado, algo mais pode ser adicionado. Na observação do contexto outros sinais e significados poderão emergir. Desta forma, como aponta Merrel (2004) a aprendizagem se mostra como interdependente, corpo x mente, cada passo pedagógico tem dependência de todos os passos, como inter-relacional por conta da relação com os objetos do conhecimento, das múltiplas interpretações destes objetos e com todos os signos através dos quais  o conhecimento é conhecimento e, também, interativa porque qualquer mudança tem consequências que afetam tudo.
Tendo em vista essas relações, percebemos um alargamento da função social da escola e da docência o que leva a ressaltar a urgência da formação de professores para atuarem nestes contextos escolares, combatendo a imagem da identidade docente reduzida a executor de procedimentos prescritos. Pois, compreendemos a docência como uma profissão que é construída na relação que os sujeitos estabelecem, em suas práticas, com as demandas sociais internas e externas à escola, expressando-se em modos próprios de ser e atuar como docentes.

Neiva Solange

REFERÊNCIAS:
CAVALIERE, A. M. Tempo de Escola e Qualidade na Educação Pública. 2007.
Disponível em http:// www.cedes.unicamp.br. Acesso em 17/11/2012

MERREL, F. A prática do pragmatismo: aprender vivendo, viver apredendo. In: TREVISAN, A. L.; ROSSATTO, N. D. (Orgs.). Filosofia e educação: confluências. Santa Maria: Ed. FACOS/UFSM, 2004. P. 12-47

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