quarta-feira, 18 de junho de 2014

Ser professor: a relação entre ensino e aprendizagem

  Ser professor atualmente é um grande desafio e por isso mesmo instigante, inúmeras responsabilidades e diversas dificuldades se apresentam no contexto escolar. Muitos discursos são professados na busca por um método que consiga se mostrar eficaz para o aprendizado dos alunos. No texto Mistificação Pedagógica, Bernard Charlot nos mostra como esses discursos fundem-se em crenças, hábitos e consequentemente em condutas que muitas vezes não correspondem as ideias e argumentos que sustentam esses mesmos discursos.
  Evidencia-se assim que a busca pelo conhecimento acerca dos problemas que se apresentam na relação ensino-aprendizagem se faz urgente. Charlot nos mostra que é preciso pensar o aprendizado no momento e espaço concreto, real onde este se realiza, e para além disso, entender a singularidade que cada sujeito constrói na relação com o saber.
  Pensar a educação e o ofício de professor me instiga a repensar meu próprio trabalho cotidiano e alguns problemas: como entender o desinteresse dos alunos, como identificar a construção do conhecimento, por que tanta violência na escola, entre outros. É comum responsabilizar o aluno pelo desinteresse e pelo não aprendizado, no entanto é preciso compreender que o aluno é um ser social e portanto socialmente construído, é preciso compreender essa construção para compreender a relação que o mesmo constrói com a escola e o saber. Para Charlot "Ocultar essa dimensão social atrás de um discurso sobre a natureza humana tem por efeito, na maioria das vezes, silenciar as realidades sociais, encobrir as desigualdades, aceitá-las implicitamente e, muitas vezes, legitimá-las."(CHARLOT, 2013,P38)
 Ao destacar a relação com o saber enquanto ponto chave para pensarmos as desigualdades na relação ensino-aprendizagem abre-se a possibilidade de um diálogo mais amplo e complexo sobre o processo educativo. É possível dessa forma pensar o processo educativo em uma perspectiva filosófica, antropológica e também semiótica, isto é, pensar o processo educativo como pensava Peirce em uma relação triádica e não dualista e antagônica, mas uma relação significativa.
 Pensar a educação e o processo educativo em uma perspectiva semiótica é pensar a experiência concreta na qual ela se realiza, é compreender o fluxo contínuo e infinito dessa relação singular que cada elemento constrói e reconstrói a todo momento e que consequentemente constrói signos e significados diversos e nesse processo constroem racionalidades, crenças e hábitos que se cristalizam em comportamentos e formas de agir.
 Acredito que ao pensar o processo educativo após as leituras e discussões realizadas na disciplina Entre os saberes docentes e os aprenderes discentes pude ampliar meu olhar acerca dos problemas por mim enfrentados no meu fazer docente, pude sentir a realidade e compreender a complexidade desse processo enquanto um processo dinâmico, singular, social e infinito.

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