sexta-feira, 27 de junho de 2014

PROPOSTA DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES PARA EDUCAÇÃO INFANTIL

A formação dos professores, a partir da LDB 9394/96, passou a ocorrer no Ensino Superior para a docência na primeira Etapa da Educação Básica, também foi admitida como formação mínima, de nível médio, a modalidade normal. Mesmo em um ambiente confuso de definição, o curso de Pedagogia tornou-se a principal fonte de formação para atuação na Educação Infantil e nos anos iniciais do Ensino Fundamental.
A suspeita é que, entendida, como em tempos passados, mais como uma contemplação da formação do professor dos primeiros anos do Ensino Fundamental, a formação oferecida não considere devidamente as especificidades da educação das crianças na pré-escola e nas creches. (GATTI; BARRETO, 2009, p. 258).       
            Como resultado das Novas Diretrizes Curriculares para o Curso de Pedagogia, os cursos remanescentes foram reorganizados com o objetivo de atender a legislação em vigor. Algumas alterações ocorreram na prática, como a extinção das habilitações, a base de formação na docência e ainda adequação para uma formação abrangente. Essa legislação impõe ao Curso de Pedagogia uma distorção quanto ao entendimento de docência e pedagogia.
Diante do que foi elucidado, admiti-se que as decisões tomadas na área das políticas públicas, como a Resolução CNE/CP 1/2006, podem colocar em risco a criação da profissionalidade docente no que refere à Educação Infantil, uma vez que não contribui para a formação dos profissionais dessa etapa.
Galdi da Silva (2011) investigou a formação inicial para professores de educação infantil e indicou avanços, impactos e desafios postos aos profissionais da Educação Infantil e às políticas públicas voltadas para infância, bem como caracteriza limitações impostas aos Cursos de Pedagogia pela Resolução CNE/CP 1/06, no que se refere ao aligeiramento e precariedade.
Nesse sentido defendemos uma proposta de formação por imersão que poderia ocorrer nos estágios contemplando os projetos dos Cursos de Pedagogia, numa parceria com as demais disciplinas e com as instituições de educação infantil. Para isso, nos apoiamos em Azanha (1995) que considera a educação como tema político e, ainda, por admitir que as reformas ocorrem nas salas de aula. Dessa forma, precisamos considerar na formação inicial e continuada os sujeitos envolvidos porque Azanha (1995, p. 76) nos alerta que “[...] a formação do professor e o seu próprio aperfeiçoamento completam-se com o êxito que ele tenha na assimilação desse saber difuso e historicamente sedimentado no ambiente escolar e que tem apenas tênues relações com teorias pedagógicas”. 
Como decorrência dessa proposta, sugerimos a realização de projetos de formação e de supervisão, cuja intencionalidade é uma formação integrada à futura prática profissional. Trata-se de ação colaborativa entre a supervisão, as universidades e as instituições de Educação Infantil para a realização de formação dos profissionais de Educação Infantil, tanto a inicial quanto a continuada.
Essa proposta, apesar de aparentemente utópica, tem possibilidades de ocorrer na medida em que nos relacionamos com o saber e atribuímos uma função social e de sentido com as expectativas sobre a educação das crianças pequenas e as funções das instituições de educação infantil e de seus profissionais.
A realização de um mapeamento cultural da escola conforme proposto por Azanha (1995, p.74) poderia contribuir com a implantação, cujo objetivo seria compreender a dinâmica da escola e entender o que acontece no interior destas.
Freire (2000) afirma que não docência sem discência e aponta que existem saberes indispensáveis a prática docente, que devem ser discutidos e analisados na formação. Desse modo, cabe aos formadores criarem possibilidades para construção de tais saberes, aguçando a curiosidade epistemológica e utilizando da capacidade crítica.
Neste sentido, a reflexão é extremamente importante porque possibilitará a categorização e a análise destes saberes como signos num pensamento tríadico, em busca de uma compreensão lógica da educação infantil brasileira considerando suas nuances e com possibilidades para romper com as crenças e hábitos existentes.
Essa proposta de formação que busca articular a formação inicial e continuada com a participação de formadores preocupados com a construção de saberes tanto dos professores em exercício quanto dos futuros professores a partir da realização do mapeamento cultural da escola para entender a dinâmica da escola e acenar com perspectivas para que a educação infantil enfrente a crise atual.


Rosangela Aparecida Galdi da Silva

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.