quarta-feira, 25 de junho de 2014

O método de pensamento lógico de Charles Peirce: aproximações
Vera Luísa de Sousa
Temos estudado o método pragmaticista de Charles Peirce cujo “[...] único objetivo é tornar nossas ideias claras a partir daquilo que estamos em contato a todo tempo, i. é., a partir dos significados que afetam a nossa conduta.” (COSTA, 2011, p.22). Pierce propõe esse método lógico de pensamento e de análise dos conceitos como aquele capaz de eliminar toda ideia que não seja verdadeira porque busca a verdade por entre o objeto e o seu significado. O Professor Mauro Betti sempre nos adverte que a chave para que possamos compreender a semiótica e o método científico de Pierce é a expressão por entre. Ou seja, o significado do objeto pode ser vislumbrado na experiência ou “[...] no fluxo cognitivo em que a experiência está envolvida [...]” (ibid., p.23). Construímos conhecimento na experiência vivida com o uso do método lógico que nos ajuda a entender a estrutura própria dos objetos que desejamos conhecer. Assim, a experiência vívida o “quase ser” (primeiridade) torna-se consciência do outro (secundidade) por meio da experiência mediadora que formula o conceito (terceiridade).
Dito de outro modo, o método pragmaticista de Charles Peirce é um método de análise que parte da inquirição do objeto mediada pela experiência para determinar o verdadeiro sentido de um conceito, mediante a fixação da crença pelo hábito. Como afirma Costa (2011, p.26)
A crença em Peirce é um estado de estabilidade seguro, que cria hábitos internos, que nos levam a agir quando apresentada uma situação em que o hábito é ferido. O hábito no pensamento de Peirce é caracterizado como a fixação da crença, pelo qual estamos apoiados, e que a todo tempo é testado de forma voluntária e involuntária, justamente porque não é necessariamente a crença que nos leva a agir, mas sim, a constante manutenção da crença pelo hábito.
Nesse sentido, diante de situações desestabilizadoras que nos colocam dúvidas agimos pautados pela ideia de segurança que encontramos na crença, um estado de estabilidade e conforto que nos permite agir em busca de sua permanência. Assim, a dúvida é o móbil que nos conduz a buscar, pela inquirição, a segurança da crença instigados pelo hábito do qual não desejamos nos desvencilhar, mas manter como garantia da nossa segurança.

Entender a relação dúvida-hábito-crença é um modo de aproximação do método de pensamento de Peirce que procura conhecer o significado do conceito que se estabelece na relação objeto-hábito porque, para o pragmatismo, a finalidade do pensamento é a ação e o fim de toda ação é um novo pensamento. Assim, conhecer o significado do conceito é fundamental para que se possa conhecer também seu propósito imediato e prático ou o modo como afetará a conduta originando nova crença.

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