sexta-feira, 6 de junho de 2014

Olá pessoal,

Essa semana uma amiga me contou sobre o encontro com uma professora da rede estadual de ensino a fim de apresentar o seu projeto de pesquisa e desenvolvê-lo, que consiste numa proposta de intervenção com foco na inclusão escolar.

O seu relato foi semelhante a muitos outros que já ouvi e vivenciei: uma professora que diz que a pesquisadora é muito novinha, inexperiente, e que ela, professora, já sabe que não há nada que possa ser feito, é um caso “perdido”.

Então, esse caso me fez lembrar algumas discussões que ocorreram nas nossas aulas, em especial, a que a profa. Eliane esteve presente. Espero não ter “viajado” muito...

Acho que um primeiro ponto é o que a professora entende por “experiência”: muitos anos lecionando. No entanto, o que temos discutido é outro conceito, no qual uma pessoa que faz sempre a mesma coisa não é experiente. Experiência, como temos discutido, é o resultado cognitivo de todo viver, não no sentido intelectual, mas algo a produzir mudanças, mudança de conduta futura. Um processo consciente e autocrítico.

A educação, de forma geral, precisa sempre estar em constante mudança. Numa perspectiva inclusiva, esse movimento da educação é ainda mais imprescindível. Então, lembrei-me da frase Peirciana comentada pela profa. Eliane, “um sistema em colapso caminha para a frente”.

Se o professor insistir em permanecer com a mesma crença, não conseguimos progredir. É necessário ter a dúvida, a crise, o conflito. E então, para não permanecer na crise, na secundidade, destaca-se a importância do pesquisador no papel de aumentar o repertório. Nessa perspectiva, é fundamental também que ambos, pesquisador e professor, estejam disponíveis para “ver e atentar para”, entendendo que cada situação é singular. Ao se deparar com o público alvo da Educação Especial, é frequente vermos professores rotulando, sem buscar compreender o estudante e afirmando que não sabem como trabalhar com ele, ignorando a diversidade sempre presente independentemente de laudos. Peirce trata da importância de estudar o fenômeno. Na perspectiva de conhecer e atuar como único processo investigatório (Contreras), o método se construirá na experiência. Então, não há como aprender, sair dessa crença discriminatória, sem conhecer e atuar.

Por fim, a importância da comunhão, da relação com o outro para se refazer. É necessário ter prontidão e disponibilidade para compreender, e então, generalizar. Para atingir a terceiridade, é necessário vivenciar crises e chegar à mudança de hábitos, de conduta.

Assim, quem sabe, o processo de inclusão escolar continuará em movimento, assim como deve estar a educação.

Abraços,
Paula Melques

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