sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

A relação com o saber de Bernard Charlot e o deficiente intelectual


A RELAÇÃO COM O SABER DE BERNARD CHARLOT E O DEFICIENTE INTELECTUAL



Marilene Bortolotti Boraschi


O processo de inclusão de pessoas em determinado âmbito social, em especial na escola, envolve o oferecimento de condições físicas, pedagógicas e sociais para que a criança, o jovem ou o adulto aprenda e possa exercer seu papel como cidadão, tendo direito a uma Educação de qualidade, com oportunidades de aprendizagens que possam humanizá-lo.
De acordo com Charlot, quando o homem nasce, penetra na condição humana, entra em uma história singular a qual está submetida à outra história maior, que é a da humanidade. E com isso, entrará em um conjunto de relações e interações com outros homens onde será necessário exercer uma atividade. “Por isso mesmo, nascer significa ver-se submetido à obrigação de aprender”. (Charlot, 2000, p.53)
Atualmente, há um grande número de deficientes, em especial, os deficientes intelectuais nas salas de aula regular. Conforme experiências como docente, essas pessoas, aparentemente, têm dificuldades no processo de aprendizagem, contribuindo, muitas vezes, para que terminem o Ensino Fundamental sem, até mesmo, estarem alfabetizadas.
 De acordo com o Decreto de nº 3.298, de 20 de dezembro de 1999 (BRASIL, 1999), a deficiência mental é um
[...] funcionamento intelectual significativamente inferior à média, com manifestação antes dos dezoito anos e limitações associadas a duas ou mais áreas de habilidades adaptativas, tais como: (a) comunicação, (b) cuidado pessoal, (c) habilidades sociais, (d) utilização dos recursos da comunidade, (e) saúde e segurança, (f) habilidades acadêmicas, (g) lazer e (h) trabalho.

                 Sendo assim, o deficiente intelectual possui um funcionamento intelectual abaixo da média e não nulo como muitos pensam. É capaz de aprender e as limitações associadas às habilidades adaptativas não significam que essa pessoa seja limitada para realizar ações, como trabalhar, ler ou estudar. E Charlot (2000) diz que “todo ser humano aprende: se não aprendesse, não se tornaria humano”.
É necessário, portanto, que a criança com deficiência intelectual tenha sua inteligência motivada e exercitada constantemente para que haja evolução no seu desenvolvimento e ela se aproprie do currículo escolar, levando em conta toda sua história e as relações que estabelece consigo mesmo e com os outros, pois “a relação com o saber é relação de um sujeito com o mundo, com ele mesmo e com os outros”. (Charlot, 2000, p.78)
                                    

Referências

BRASIL. Decreto nº 3.298. Brasília: 20 de dezembro de 1999.

CHARLOT, Bernard. Da relação com o saber: elementos para uma teoria. Porto Alegre: Artmed, 2000.

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