RELAÇÕES COM O SABER DE CHARLOT

Este breve texto é baseado no texto "Relação com o saber e com a escola entre estudantes de periferia" de Bernard Charlot

Alessandra Fonseca Farias 

Resumo

                                Charlot em sua pesquisa percebe que na França há muitos estudos sobre o fracasso escolar dos jovens de origem popular, porém que não há um grande interesse na relação destes jovens com o conhecimento, o saber. Os sociólogos nas décadas de 60 e 70 apontam claramente uma relação entre a origem social do aluno e seu sucesso ou fracasso escolar.

                                  O autor faz muitas críticas às teorias de reprodução, uma delas de que "essas teorias reduzem a instituição escolar a um espaço de diferenciação social, esquecendo que ela é também um espaço onde os jovens se formam, onde o saber se transmite" (p.49). Para ele, é preciso tratar com singularidade as histórias escolares, e aí entra o que ele chama de relação com o saber, que nada mais é que a articulação de histórias singulares e de relações sociais, de situações escolares e de mobilizações familiares e sociais, da questão do saber e das relações sociais. Essa relação com o saber se enraíza na vida individual, mas também no social, e se se esquece dessa segunda raiz, se origina a ingenuidade "meritocrática". 

                             O autor chega à conclusão de que em primeiro lugar a relação com o saber é uma relação social no sentido que "exprime as condições sociais do indivíduo" (p. 62), e que sua condição de vida tem a ver com suas condições de acesso à escola e à uma profissão que lhe assegurem uma "boa vida" para ter uma vida normal, uma vida boa, com bens materiais que uma trajetória de sucesso escolar lhe proporcionaria. Em segundo lugar, a relação com o saber não se remete apenas às condições de vida dos jovens, mas também às suas expectativas em relação à escola.