quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

SEMIÓTICA PEIRCIANA: PRIMEIRAS IMPRESSÕES!

 

                        A semiótica como um todo muito me chamou a atenção, a começar por Charles S. Peirce.
                        Deste modo, a partir das aulas, das leituras e do trabalho da Dra. Elaine Gomes da Silva, apresento minhas primeiras impressões.
                        Quando me deparei com a disciplina e com a temática da semiótica fiquei inicialmente espantado e duvidoso da minha capacidade de absorção do conteúdo, por não ter uma formação ou conhecimento anterior sobre o assunto.
                        Com as primeiras leituras e debates pude compreender a amplitude da proposta semiótica, pois, para além do tecnicismo acadêmico, e sem perder o seu rigor, tem por objeto de investigação todas as linguagens possíveis.
                        Outro diferencial que chamou a atenção foi a ênfase no diálogo entre HOMEM e MUNDO, sem a roupagem antropocêntrica. O humano do/no mundo participa da construção dos signos e dos sentidos.
                        O método ou sistema aponta para signos iniciais (estímulos multisensoriais), relações interpretativas (produção e interpretação) e relações comunicativas (alteridade).          
                        Assim, sabido que a linguagem é a capacidade humana de produzir signos de qualquer tipo, a semiótica enriquece o debate sobre a aprendizagem ao mitigar a categorização “daqueles que ensinam“ e “daqueles que aprendem”. Este ponto considero de muita relevância, pois as experiências/vivências são consideradas de maneira mais singular e com a importância devida.
                        Percebi que os agentes da comunicação, do aprendizado e da vida precisam ser inexoravelmente considerados para que haja uma fruição dos relacionamentos que permita um avanço do saber e do aprender.
                        Considerando que os signos podem ser qualquer coisa – um som, um gesto, um traço, uma palavra, um ritmo, etc – que represente outra coisa, para uma “mente” interpretadora, sob certos aspectos, de alguma maneira, conclui-se que as relações que se tratavam no ambiente escolar (a título de exemplo) ensejam mutualidade no aprendizado, gerando experiências e conhecimento tanto para quem ocupa a função de professor quanto para quem está como aluno, numa cadeia de possibilidades.
                        No trabalho de pesquisa com crianças, GOMES DA SILVA (2012, p. 36)[1] evidenciou que a própria dimensão da ação pedagógica deve ser concebida e dinamizada como espaço próprio de pesquisa e ação; como espaço vivo e tangível de construção/ação metodológica; isto é, de descoberta ininterrupta de novas camadas de sentidos e produções sígnicas, logo, de aprendizados que emergem na/da própria ação, no confronto de alteridades: professor-criança e criança-criança.
                        Nesse sentido, ao considerar a ciência como processo vivo, a referida autora destaca que não haveria hierarquia valorativa entre investigador-acadêmico, investigador-professor e investigador-criança-aluno. Contudo, admitimos que há interesses e responsabilidades sociopolíticas que diferenciam essas esferas institucionais e seus sujeitos. (GOMES DA SILVA, 2012, p. 38)
                        Em resumo, a proposta semiótica, conforme a abordagem de Charles S. Peirce, reforçou-me a idéia da necessidade de aproximação, mutualidade e alteridade no processo de viver, experienciar, aprender, ensinar e compartilhar, pois todos somos capazes de produzir signos e sentidos.
                        Estas são as primeiras impressões.
Danilo Trombetta Neves


[1] GOMES-DA-SILVA, E. A construção metodológica. In:____. Movimento e educação infantil: uma pesquisa-ação na perspectiva semiótica. 2012. Tese (Doutorado em Educação) – Faculdade de Educação, Universidade de São Paulo, 2012, Cap. 2.

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