quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

O FILHO DO HOMEM: OBRIGADO A APRENDER PARA SER (UMA PERSPECTIVA ANTROPOLÓGICA)

Bernard Charlot
Segundo Charlot (2000), quem se torna um sujeito, é educado e se educa é um filho do homem. No entanto, para Kant o homem ao entrar no mundo, entra em estado bruto e precisa que os outros façam para ele, para tornar-se homem. Já Fichte diz que todos os animais são acabados e perfeitos, mas, o homem é apenas esboçado para poder tornar-se o que deve ser, ele deve ser educado por aqueles que suprem suas fraquezas iniciais e deve educar-se tornar-se por si mesmo. Segundo Charlot estas definições tanto a de Kant como a de Fichte, fizeram com que os cientistas denominassem esse movimento de pré-maturação, considerando que o homem deve ser acabado fora do útero materno. Porém, para Lucien Sèven cada ser natural torna-se humano ao hominizar-se. Este processo de hominização segundo a autora ocorre em função da sua condição humana, uma vez que o homem é um ser inacabado e em constante transformação. Esta condição humana revela que o homem é uma presença fora de si, presente sobre a forma de um mundo com história e cultura. Para Charlot todas estas condições humanas é que permitem tomar em consideração todas as dimensões da educação do homem. Diante deste contexto nascer é penetrar nesta condição humana, entrar em uma história, a história singular de um sujeito inscrito na história maior da espécie humana, na medida em que se torna parte de em um conjunto de relações e interações com outros homens. Entrar neste um mundo é ocupa um lugar (social) onde será necessário exercer uma atividade. Desta forma, para Charlot nascer significa submeter-se à obrigação de aprender para construir um triplo processo de Hominização (homem), singularização (exemplar único de homem) e a socialização (um membro ocupando um lugar na comunidade). Charlot (2000) apresenta também os Três conceitos que possuem relação com o saber escolar: a) mobilização, b) atividade, c) sentido. Mobilização movimento interno do ser humano de dentro para fora; Motivação movimento externo realizado por alguém ou por algo, de fora para dentro; Sentido valor produzido pelas relações com o mundo ou com os outros seres humanos. No que diz respeito à Atividade Charlot busca as contribuições de Leontiev quando afirma que a atividade é a relação entre sua meta e seu móbil (motivo) entre o que incita agir e o que orienta ação, como resultado imediatamente buscado. Para concluir: o sujeito o qual estudamos a sua relação com o saber não é definido pela razão, pela liberdade ou pelo desejo, não pode ser considerado como a síntese de sua individualidade, ou síntese das convenções sociais e psíquicas, mas sim, um ser humano aberto ao mundo social no qual ele ocupa uma posição de forma ativa. É neste contexto que o fazer docente deve encaminhar a sua organização pedagógica, respeitando o ser (aluno) na sua singularidade, sem perder de vista os princípio da diversidade, autonomia e democracia, pois, acreditamos que desta forma o aluno será mobilizado para o saber e não apenas objeto de motivação docente.

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