quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Texto: "Da Relação com o Saber: Elementos para uma teoria" Bernard Charlot

        Por que será que certos alunos fracassam na escola? Por que será que esse fracasso é mais frequente entre as famílias de categorias sociais populares do que em outras famílias? Mais ainda: por que será que certas crianças dos meios populares, apesar de tudo, sucesso em seus estudos, como se elas conseguissem esgueirar-se pelos interstícios estatísticos?
         Essas questões, Charlot e os demais integrantes da equipe ESCOL, ressaltam em suas pesquisas, mas também nos levam a refletir que diante de tantas teorias construídas o fracasso escolar ainda é um fenômeno obscuro na Educação.
          Para Charlot, a questão do "aprender" é muita mais ampla, pois, do que a do saber. É mais ampla em dois sentidos: primeiro, existem maneiras de aprender que não consistem em apropriar-se de um saber, entendido como conteúdo de pensamento; segundo, ao mesmo tempo em que se procura adquirir esse tipo de saber, mantêm-se, também outras relações com o mundo. Desta forma, selecionar conteúdos a serem desenvolvidos na escola é muito mais do que organizar currículos e sim pensar no aluno, no como apreende e no como se relaciona com o saber apreendido.
          Adquirir saber permite assegurar-se um certo domínio do mundo no qual se vive, comunicar-se com outros seres e partilhar o mundo com eles, viver certas experiências e assim, tornar-se maior, mais seguro de si, mais independente, afirma o autor.
           Não é o próprio saber que é prático, mas, sim, o uso dele, em uma relação prática com o mundo, sendo assim pensar na realidade em que o aluno está inserido, contribui para que o saber escolar seja transformado em seu contexto, permitindo a relação deste saber com o saber de sua vivência.
             O saber é construído em uma história coletiva que é da mente humana e das atividades do homem e está submetido a processos de validação, capitalização e transmissão, evidencia Charlot. Se o saber é relação, o processo que leva a adotar uma relação de saber com o mundo é que deve ser o objeto de uma educação intelectual e´não, a acumulação de conteúdos intelectuais, porém esse processo não é puramente cognitivo e didático, trata-se de levar uma criança a inscrever-se em um certo tipo de relação com o mundo, consigo e com os outros, que proporciona prazer, mas sempre implica a renúncia, provisória ou profunda, de outras formas de relação com o mundo, consigo e com os outros, de acordo com o autor.
              Refletindo sobre esta relação com o saber proposto por Charlot, como educadora este estudo, me faz refletir e me questionar, que saberes estou desenvolvendo na sala de aula?! ou ainda, Que relação meus alunos estão construindo com estes saberes?!

             
             

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